A obtenção, estes dias, de um passaporte pode não ser tarefa fácil. Entregue o pedido, a espera pode ir de dois a quarto meses, no mínimo. Para agravar a situação a Direcção dos Serviços de Fronteiras (DEF) da Praia suspendeu a emissão dos passaportes urgentes.
José Semedo, emigrante cabo-verdiano em Portugal, regressou a Cabo Verde e trouxe consigo a esposa e uma filha de nove meses para conhecerem a família. Na hora de regressar, Semedo deu-se conta do risco de ver a criança retida na fronteira, por falta de passaporte. “Não podemos esperar de dois a três meses para regressar a Portugal porque temos compromissos. Também não podemos deixar a nossa filha aqui, porque, ela ainda é muito pequena e precisa dos pais por perto”. desabafa.
Como aquele emigrante, Deolinda Araújo também está descontente com a dificuldade para obter um “simples passaporte”, que, no seu caso, já dura há cerca de um ano. Ademais, para ela é inadmissível que a DEF, depois de suspender a emissão de passaportes urgentes, continue a cobrar o montante respeitante ao serviço: quatro mil e 500 escudos.
OUTRAS HISTÓRIAS
Vários outros cidadãos estão a passar pelo mesmo suplício. Alguns, quando recebem, finalmente, o seu passaporte, respiram claramente de alívio. “Toda a vez que eu ligava para saber sobre o meu passaporte me diziam que ainda não estava pronto”, conta um cidadão. “Eu perguntava sempre o que se passava e a pessoa que me atendia dizia que estão sem cadernetas. Ao fim de três meses, consegui, por fim, o meu passaporte”.
“Mais de três meses só para entregarem um passaporte, e urgente também? Isso é um absurdo!”, exclama, irritado, um outro cidadão.
Chalana conta que esperou quatro meses pelo seu passaporte. “Queria fazer um passaporte urgente, mas quando aqui cheguei me informaram, no balcão, que tanto um passaporte urgente como um normal tinha que esperar três meses. Por isso, optei por um normal. Mas tive conhecimento de pessoas que fizeram pedidos e receberam em uma semana”, denuncia.
Um dos funcionários da DEF, abordado por A NAÇÃO, disse que os passaportes urgentes não estão a ser emitidos por falta de “condições” para tal. “Não temos passaportes urgentes porque não há capacidade humana para os produzir”, explicou, de forma categórica, ao A NAÇÃO.
Na verdade, não é a primeira vez que a DEF se vê confrontado com a falta de cadernetas para a emissão de passaportes. O problema acontece sempre, na mesma época, e, de acordo com as pessoas abordadas, “parece que, desta feita, o problema não terá fim tão cedo”.
É que por trás dessa ruptura há, também, a eventualidade de os velhos passaportes serem substituídos por novos, daí a gestão criteriosa das cadernetas existentes.
Utentes sem passaportes urgentes
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