Na ilha do Fogo, como noutras paragens, a definição das listas do PAICV para as próximas eleições legislativas está a “incendiar” as relações entre a Comissão Política Regional (CPR) e o Sector desse partido em São Filipe. Em causa está quem ocupará, ou não, os melhores lugares na lista de deputados para 2016.
Em Abril passado, a CPR do PAICV no Fogo definiu os critérios de “representatividade regional” para a lista desse partido com vista às legislativas de 2016. De acordo com o estipulado, São Filipe apresentava o cabeça-de-lista, seguido dos representantes dos Mosteiros e Santa Catarina, por esta ordem.
Volvidos quase dois meses, alegando o seu peso eleitoral, o Sector de São Filipe agora pede a revisão desses critérios, propondo que esse concelho passe a preencher os dois primeiros lugares da lista e Mosteiros com a terceira posição, relegando Santa Catarina para um lugar praticamente não elegível. Isto tendo em conta que a ilha conta, neste momento, com cinco deputados: três do PAICV e dois do MpD.
Numa nota do presidente da CPR do Fogo endereçada ao primeiro secretário do Sector de São Filipe, Renato Delgado, a que A NAÇÃO teve acesso, Fernandinho Teixeira faz questão de esclarecer que o critério da “representatividade regional” mereceu um “amplo consenso” na referida reunião, como o critério que melhor salvaguarda os interesses do PAICV na ilha.
Reafirmando o posicionamento da CPR, Fernandinho lembra ao seu “camarada” de São Filipe que a representação regional é o “principal indicador de mobilização e de motivação” para a participação de toda a ilha no processo eleitoral. “O PAICV precisa dos eleitores de toda a ilha para se apresentar coeso e galvanizado e este critério valoriza toda a ilha”, salienta.
Peso eleitoral
Fernandinho desmonta, outrossim, a tese de “peso eleitoral” argumentada por Renato Delgado e que se estriba no método de Hondt e nos princípios da democracia para reivindicar os dois primeiros lugares da lista do Fogo para São Filipe. “Mas sabe que este método, em regra, favorece os pequenos partidos”, responde Fernandinho Teixiera.
Em vez disso, chama a atenção para o seguinte: “No concelho de São Filipe, se olhar para as últimas eleições, notará um grande equilíbrio entre os dois maiores partidos. Tal facto significa, se o seu critério fosse válido, que estaríamos a reforçar o partido mais fraco que é o MpD. Os cerca de 60 por cento de eleitores do Fogo, que estão em São Filipe, como é que se repartiriam em eleições? Veja, também, como é que se repartem, por exemplo, nos Mosteiros, em eleições, e tira as suas conclusões”.
Para Fernandinho, as “estatísticas não podem ser lógicas soberanas. A representatividade e a harmonia é que motivam os eleitores de todos os cantos da Ilha”.
Joanilda x Júlio Correia
De acordo com uma fonte bem posicionada, a intenção do primeiro secretário do Sector de São Filipe visa, em primeiro lugar, criar espaço para a integração de Joanilda Alves num lugar elegível no Fogo, visando, com isso, Júlio Correia, “candidato consensual” dos Mosteiros.
De resto, à semelhança de outros lugares, a disputa pelos melhores lugares nas listas do PAICV é algo que irá animar a vida no interior desse partido nos próximos meses. À partida, os apoiantes da actual presidente, Janira Hopffer Almada, são os que poderão aparecer em lugares mais confortáveis, sem, contudo, deixar de fora as outras “sensibilidades” existentes no seio dessa formação.
Listas do PAICV para legislativas: Fogo “em chamas”
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