Os deputados Jorge Santos e Janine Lélis, ambos do MpD, sofreram um assalto à chegada do hotel Protea Midrand, na África do Sul, onde participariam em mais uma reunião do Parlamento Pan Africano (PAP). Os assaltantes acompanharam o mini-autocarro que foi buscar Lélis, Santos e mais colegas de Benin e de Moçambique ao aeroporto de Joanesburgo, e perto do hotel sacaram armas, imobilizaram os parlamentares e levaram equipamentos electrónicos, dinheiro e pertences pessoais.
Segundo relata o motorista do mini-autocarro à emissora ENCA, a delegação ao Parlamento Pan Africano (PAP), na qual estavam Jorge Santos e Janine Lélis, foi assaltada quando baixou o vidro da janela para receber o cartão de segurança à entrada do Protea Hotel Midrand. Thandazani Mabuza conta que dois rapazes entraram armados, tomaram a chave do carro e começaram a perguntar por dinheiro, telemóveis, procurando objectos de valor por todos os lados.
Em três minutos, encostaram o revólver na cabeça da cabo-verdiana Janine Lélis e levaram tudo que conseguiram: telemóveis, computadores, Ipad, Iphones, sacos de mão, dinheiro e documento. Além dos dois rapazes de que dá conta o motorista do carro oficial do PAP, havia um terceiro homem, que, segundo uma fonte, participou também do assalto à chegada no Hotel Protea Midrand, em Joanesburgo.
Os deputados cabo-verdianos evitam criar alarido sobre esse caso que aconteceu a 22 de Maio passado, mas vários os canais da TV, jornais e rádio da África do Sul falam do assunto. As notícias dão conta que tanto a polícia criminal como a judiciária estão a investigar o caso, na esperança de identificar os homens armados que assaltaram os elementos da delegação, na qual, além dos parlamentares cabo-verdianos, do representante do Benin e do de Moçambique, estava o responsável do protocolo do PAP.
O porta-voz da polícia, Lungelo Dlamini, já veio a público dizer que acredita que os assaltantes acompanhavam a delegação desde a saída do aeroporto de Joanesburgo e aproveitaram o momento relatado pelo motorista do mini-autocarro para fazer o assalto. Por isso, a polícia está a visualizar as imagens de vídeo-vigilância nos arredores do hotel para ver se consegue desvendar se foram dois, três ou mais homens envolvidos e quem são eles.
CASO REACENDE DISCUSSÃO SOBRE VIOLÊNCIA E XENOFOBIA
No campo político, o Congresso do Povo, formação constituída em 2008 por ex-membros do Congresso Nacional Africano (ANC, sigla inglesa) já condenou o assalto à mão armada aos delegados do PAP e pede que a polícia use todos os seus recursos para encontrar os assaltantes.
Em um comunicado no qual acusa o presidente sul-africano Jacob Zuma de pouco fazer para combater a criminalidade no país de Nelson Mandela, o COPE refere que esse caso, “condenável” a todo preceito, novamente coloca África do Sul sob holofotes internacionais pelas piores razões. Isso depois dos actos de violência, motivados por xenofobia, contra trabalhadores moçambicanos e angolanos que causaram muito melindre nas relações diplomáticas entre os países vizinhos.
Aliás, o caso de violência contra estrangeiros levou o escritor moçambicano Mia Couto a escrever uma carta aberta ao presidente Zuma, onde acusou-o de ingratidão para com um povo que o acolheu nos seus tempos de exílio. Em resposta a Mia Couto, Zuma agradeceu o apoio de Moçambique durante o apartheid e admite que nada justifica a violência contra estrangeiros. Mas o presidente sul-africano, salientou que o seu país enfrenta um problema de imigração ilegal e por isso tinha de ponderar também as queixas dos cidadãos do próprio país.
O caso do assalto aos parlamentares veio a reavivar toda essa discussão nos media africanos e não só, colocando a África Sul nas manchetes com uma marca que Jacob Zuma não gostaria de ver.
O certo é que os parlamentares cabo-verdianos e colegas não sofreram agressões físicas que deixassem marcar visíveis, embora tenham passado por momentos traumatizantes a acreditar nos relatos do motorista e de outras fontes do jornal A Nação.
Deputados cabo-verdianos sofrem assalto à mão armada na África do Sul
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