A Associação Crianças Desfavorecidas (Acrides) assinala na Praia, o Dia Internacional das Crianças Vítimas Inocentes da Violência e Agressão, 04 de Junho, com uma homenagem à Jussara Fernandes, criança assassinada depois de ter vivido anos de abuso sexual.
O tributo que será feito em forma de “workshop”, sob o lema “Ouvir a criança para melhor agir na prevenção e combate contra a violência e o abuso sexual em Cabo Verde”, visa, segundo a presidente da Acrides, Lourença Tavares, chamar a atenção das autoridades para casos de agressão e violação que ficam impunes enquanto vidas são ceifadas.
E porquê Jussara, quis saber a Inforpress, visto que existem muitos casos semelhantes sem respostas céleres, Lourença Tavares justificou “por ser o caso mais recente e que chocou muita gente”.
“Porque foi uma criança que começou a ser violada sexualmente pelo tio, depois pelo pai e acabou por terminar de uma forma drástica e pelas mãos do próprio pai, alguém que o devia proteger e guiar. Isso também para reclamar a forma como a justiça decorre quando se trata de um crime ou violação contra uma criança ou adolescente”, disse.
No caso da Jussara, destaca ainda, o pouco caso da justiça em que o tio saiu com pena suspensa, para sublinhar depois que o sucedido mostra, mais de que nunca, que a declaração a criança é pouca valorizada perante a justiça.
Por este motivo, precisou, a Acrides quis convidar os parceiros para, à volta de uma mesa, “dar vez e voz as crianças” por forma a partilharem com os mais velhos as suas visões, opiniões e perspectivas, visando o combate a violência e o abuso sexual contra crianças.
Esta é uma problemática que tem perturbado a associação, nesses últimos anos, pelo que Lourença Tavares acredita ser necessário ouvir a criança, já que com este simples gesto se está a cumprir com um direito estabelecido na Convenção de Direitos da Criança e na Carta Africana de Direitos da Criança no seu artigo 12º.
“Sendo a Acrides uma ONG que trabalha na promoção e defesa dos direitos da criança, não podemos limitar apenas a disponibilizar materiais didáticos e mobilização de tempos livres, mas realizar encontros para que as crianças possam partilhar ideia e chamar a atenção dos adultos pelos erros que cometem e que pensam que a criança não entende”, salientou.
Desta forma, disse, as entidades convidadas a participar no “workshop” têm como principal propósito apoiar a reivindicação no sentido de que a justiça no caso de agressão e violação deve ser mais célere.
Tudo isso, explicou, para que se comece a levar em conta o interesse superior da criança e pensar nela como um ser com dignidade.
Questionada sobre como vê as denúncias de violação sexual e agressão de menores em Cabo Verde, Lourença Tavares respondeu que o aumento que se tem verificado não se trata apenas de mais denúncias, mas de aumento de violação mesmo, baseando a sua resposta em casos relatados semanalmente nos jornais.
“Queremos que todos estejam juntos para ouvir e decidir sobre a melhor protecção para as nossas crianças”, conclui.
No “workshop”, que vai decorrer num dos hotéis da capital, participam crianças de várias escolas e concelhos, jovens, assistentes sociais, psicólogos, Polícia Nacional, Polícia Judiciária, professores, pais, líderes comunitários, advogados, juízes, representantes da Igreja Católica, Nazarena e da Igreja do Sétimo Dia.
O Dia Mundial das Crianças Vítimas de Agressão ou Internacional contra a Agressão Infantil, foi criado em 1982 pela ONU, não como data para comemorar, mas para reflectir a respeito da violência praticada contra as crianças.
Um dos objectivos é fazer com que a tarefa de zelar pelas crianças não seja exclusiva dos pais, mas também dos parentes, da comunidade, dos profissionais de saúde, dos líderes de modo geral, dos educadores, dos governantes, enfim, da sociedade como um todo.
Fonte: Inforpress
Acrides assinala dia mundial contra agressão e violência infantil lembrando o caso “Jussara”
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