Cláudio Ramos, mais conhecido por “Cláudio dos candeeiros”, 45 anos, faz artesanato desde os 15 anos. O artista, que vive apenas desse ofício, considera que o seu trunfo está na inovação e na criação de novas peças.
O artesanato em Cabo Verde é considerado por muitos como o parente pobre das artes. Mesmo assim, Cláudio mostra-se orgulhoso do que faz.
“Faço peças desde 1985”, conta, “aprendi no Centro Nacional de Artesanato (CNA) da Cidade da Praia. Depois de três anos de aprendizagem, decidi fazer candeeiros. Conheci este ofício porque, na minha adolescência, sempre ia levar almoço ao meu tio-avô que trabalhava no CNA e todos os dias observava os trabalhos ali expostos e apaixonei-me por esta arte, até que um dia comecei a investir nas minhas próprias criações. Hoje sou conhecido por fazer candeeiros”.
Cláudio, emocionado, conta que nestes 30 anos, como artesão, conheceu momentos maus e bons. “Os artesãos têm que economizar porque, às vezes, ganha-se muito na época alta e pouco na época baixa; o ganho adquirido durante a época alta tem que ser economizado quando a venda for fraca”, garante o artista.
Encorajamentos
Cláudio Ramos, que fundou uma associação de artesãos em 2008, confessa que, a partir daquele ano, sentiu-se mais encorajado para prosseguir com os seus trabalhos. “Em 2008, fui premiado pela Associação Zé Moniz como o artesão do ano e, após isso, resolvi criar uma associação que até hoje existe, embora com apenas oito membros”, conta.
Normalmente, Cláudio pode ser visto na Rua Pedonal a vender os seus produtos. Os seus principais clientes hoje em dia são turistas. “Há dias bons, há dias maus…”
Para os jovens que pretendem abraçar essa ‘aventura’, Cláudio aconselha-os a tomarem as devidas precauções porque, até hoje Cabo Verde, não oferece as melhores condições para o exercício dessa profissão. Ele próprio, para se defender e enfrentar a concorrência, revela que o seu trunfo “está na inovação e na criação de novas peças”. “Foi assim que criei o candeeiros que faço e vendo, de tal forma que me tornei conhecido como o Cláudio dos candeeiros”, afirma.
Crítico, Cláudio considera que o artesanato cabo-verdiano tem estado a perder terreno com a entrada de artesãos vindos de outros países africanos. “Houve também uma altura em que o Centro de Artesanato da Cidade do Mindelo fechou as portas, bem como o da Praia, que ainda continua fechado; acho que tudo isso fez com que o nosso artesanato perdesse terreno, pouco a pouco”.
O artesão, ao longo da sua “carreira”, já criou várias associações, casos de ‘Tudo di nôs terra’, ‘Capitalarte’ e ‘Praiarte’, que ainda prevalece até hoje. A Praiarte, da qual Cláudio Ramos é presidente, fez a sua primeira exposição, que teve lugar na rua Pedonal, Cidade da Praia, há dias.
Rosibelle dos Reis
Cláudio Ramos, artesão há 30 anos
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