As previsões do tempo para a zona oeste-africana apontam para baixa precipitação nos próximos meses. Esses dados não especificam Cabo Verde, pelo que, na próxima semana, os técnicos do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INMG) reúnem-se para projectar o panorama das chuvas no país. Mas há pouco alento.
Factores entrecruzam-se para ditar a previsão das chuvas em Cabo Verde e, sendo um país-arquipélago, um deles tem a ver com a temperatura da água no oceano circundante. Quanto mais alta a temperatura da água marítima, a tendência é uma previsão de chuva mais optimista. Contudo, nada aponta no sentido positivo, por ora.
Aliás, dados sobre os países desta região africana postados no site do African Center of Meteorological Application for Development (ACMAD) prevêm uma baixa precipitação, no período entre Julho e Setembro.
E se esse cenário confirmar-se para Cabo Verde, adivinha-se mais um ano difícil para o país, no seu todo, que desde o ano passado sofre por causa da fraca chuva. As barragens construídas para aumentar a reserva de água para a agricultura esvaziam-se aos poucos, as parcelas agrícolas de sequeiro praticamente não produziram e está a faltar pasta para alimentar o gado na maioria das ilhas…
Algumas das barragens, como a construída em Canto da Cagarra (Santo Antão), inaugurada no ano passado, nem sequer acumularam uma gota de água para irrigar as parcelas agrícolas circundantes. O mesmo se passa com a barragem de Salineiro, na ilha de Santiago. E lá onde resta água (caso de Poilão), os conflitos em torno da água começam a surgir.
Ou seja, os campos estão sedentos e os agricultores e produtores anseiam por melhores dias.
APOIO DO ESTADO
Esse quadro de seca fez com que criadores perdessem parte dos seus efectivos de caprinos e bovinos, nomeadamente no interior de Santiago e em Santo Antão. De resto, após alguns anos em que a situação do campo mostrava-se mais ou menos tranquila, agora o Ministério do Desenvolvimento Rural foi o obrigado a estender a mão aos criadores, avançando com um plano de salvamento de gado em diversos pontos do país.
E a história das secas em Cabo Verde não traz bom presságio àqueles que vivem da agricultura e da pastorícia. Isso porque os ciclos de ausência de chuva no arquipélago costumam estender-se por até uma década ou mais. Entretanto, espera-se que o cenário de outros tempos não se repita e que as azáguas deste ano tragam boas novas porque está mais do que provado que quando não chove nestas ilhas, todos os sectores económicos e sociais ressentem-se.
Os agricultores, esses, têm menos rendimento, os produtos agrícolas chegam em menos quantidade e mais caros ao mercado, os criadores perdem muito do seu efectivo, e quase sempre o Estado é obrigado a desviar verbas que poderia investir em outros sectores para ajudar as famílias nas zonas rurais. Então que venham as chuvas, caso a mãe natureza decidir olhar para estes dez grãozinhos de terra, como cantou o poeta.
Chuvas: previsões pouco animadoras
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