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Partido da oposição condena assassinato de líder no Burundi

A União para a Paz e Desenvolvimento (UPD), num comunicado publicado domingo, condena “veementemente” o “ignóbil assassinato” do seu líder, Zed Feruzi, sábado à noite por indivíduos armados não identificados, e do seu guarda-costas em Ngagara, um bairro residencial a norte da cidade de Bujumbura, a capital burundesa.
Dois outros guardas-costas e um jornalista duma rádio privada independente que conversava com o presidente da UPD próximo da sua casa em Ngagara ficaram feridos no ataque de sábado à noite.
O porta-voz da Presidência da Repúbica, Willy Nyamitwe, deslocou-se imediatamente ao local da tragédia para condenar o ato e exigir a abertura rápida dum inquérito sobre os motivos do atentado contra o líder da oposição.
A classe política nacional continua a condenar o assassinato que poderá radicalizar uma crise pré-eleitoral já tensa após mais de três semanas de distúrbios mortais em Bujumbura.
«Este ignóbil assassinato acontece num contexto político caraterizado pela polarização e pela radicalização da classe política burundesa em torno da problemática do terceiro mandato ao qual aspira obstinadamente o chefe de Estado, Pierre Nkurunziza »  nas eleições presidenciais de 26 de junho próximo, lembra o comunicado da UPD.
Manifestações contínuas na cidade de Bujumbura duram desde finais de abril último, data em que foi oficializada a candidatura do chefe de Estado para disputar um novo mandato presidencial.
Feruzi foi o primeiro líder político envolvido no movimento de protestos assassinado enquanto as violências fizeram até agora pelo menos 30 vítimas entre os manifestantes e as forças da ordem, segundo as cifras de diversas fontes concordantes em Bujumbura.
A UPD continua a ser «intransigente» em relação ao terceiro mandato, ao lado de outras forças políticas e sociais que partilham o mesmo combate político.
O partido recomenda às outras forças políticas e civis para « guardar a serenidade e  continuar a ser mais do que nunca ativos para socorrer uma democracia, uma paz e uma segurança em falência no Burundi ».
A formação política pede ao Governo para investigar « de forma independente sobre este ignóbil assassinato a fim de identificar os verdadeiros autores e impedir a espiral da violência no Burundi”.
A UPD pede à comunidade internacional para se envolver cada vez mais para um  desfecho favorável à crise atual burundesa suscetível de preservar as conquistas relativas à paz e à segurança para todos e exigiu o desarmamento e o desmantelamento das milícias e outros grupos nocivos à paz e à segurança.
O comunicado pede ainda à comunidade internacional para « velar  pela aplicação do comunicado da 507ª reunião do Conselho de Paz e Segurança da União Africana (UA)  realizada a 14 de maio de 2015 em Addis Abeba, na Etiópia, essencialmente no seu ponto que evoca que « o Conselho pede à Comissão, em consulta  com a força regional em alerta na África Oriental, para projetar um plano de emergência com vista ao envio  eventual duma missão alargada para garantir a proteção de pessoas e bens e facilitar a cessação da violência » no Burundi.
O assassinato do presidente da UPD ocorreu no fim do primeiro dia duma trégua de 48 horas decretada pelos organizadores do movimento de protestos, oficialmente para permitir a inumação das vítimas da semana e a constituição de stocks de bens de primeira necessitada enquanto se aguarda pela retomada anunciada das hostilidades para esta segunda-feira.
O Conselho Nacional de Segurança endureceu o tom, sábado  último, contra o prosseguimento das manifestações, o que pressagia uma quinta semana ainda agitada nas ruas de Bujumbura face à intransigência do poder e da oposição, segundo observadores atentos aos desenvolvimentos destes últimos dias na cena política nacional.
Outros analistas falam duma situação sociopolítica « paradoxal » , ou mesmo « surrealista »   com o interior a viver o clima de campanha eleitoral, enquanto a capital está exposta a uma espécie de guerrilha urbana paralisante de todas as atividades socieconómicas e políticas.
O chefe de Estado burundês mobilizou vários militantes, sábado, em Bubanza, um bastião do oeste de Bujumbura, durante um comício de campanha eleitoral das eleições autárquicas e legislativas combinadas de 5 de junho próximo, enquanto o resto dos líderes políticos da oposição continuam a concentrar os seus esforços na retirada forçada do Presidente Nkurunziza.

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