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Cultura

Michel Montrond critica festa de Nhu São Filipe

O músico e compositor, Michel Montrond, autor do disco “Kamin di bedju”, criticou fortemente o esbanjamento que aconteceu nas festas de Nhu São Filipe, ilha do Fogo, que terminou no dia 1 de Maio.
O músico, natural de Estância de Roque, um dos convidados a actuar no festival que aconteceu de 26 a 1 de Maio, no Presídio, cidade de São Filipe escreveu na sua página pessoal de facebook que muitas pessoas perguntaram porque ele não apareceu e respondeu: “Porque ficou bem claro que só Deus, o todo-poderoso se preocupa com os homens. Sinto-me triste porque vejo famílias de Chã das Caldeiras e outras pessoas a morarem nas casas construídas em 1995 em péssimas condições, outros nas barracas, outros em tendas, outros de favor sem pagar renda. Como que eu, Michel, que dormi com essa gente, comi juntamente com eles, muitos deles brincamos na infância, para nesse momento eles estarem tristes e eu a festejar, a ver meus próximos a sofrer e fingir que estou feliz? Nem pensar”.
Michel Montrond foi mais longe ainda criticando o facto de o país ter buscado ajuda financeira nos parceiros internacionais e onde o Governo o aumento do Imposto de Valor Acrescentado (IVA) de 15% para 15,5% como forma de garantir receitas para resolver o problema de alojamento e assegurar meios para actividades geradoras de rendimento para as populações deslocadas de Chã das Caldeiras e devolver a vida normal dos desalojados e afectados pela erupção que começou a 23 de Novembro do ano passado e agora estar a fazer um festival com mais de 30 artistas, nacionais, da diáspora e internacionais. “Quem ficou feliz tudo bem, quem não gostou não vou pedir desculpas (…)”, continua na sua página para terminar com a citação “nem só  do pão vive o homem”.
Dias antes este artista tinha criticado a forma como São Filipe vibrara nesta época do santo padroeiro, não poupando críticas a ninguém. “Enquanto as pessoas tentam reconstruir suas vidas em Chã das Caldeiras, outros estão a festejar como se nada tivesse acontecido. Políticos de esquerda e da direita, todos estão a festejar, e a chamar a atenção para eles próprios, religiosos e emigrantes. Enquanto outros vivem em tendas, barracas, sem água e sem alimentação, e ainda a atirar toneladas de peixe ao mar”, sem contar com o novo problema na ilha do Fogo, com o incêndio que está a deflagrar, nesse momento, nos Mosteiros, arrasando cafezais.
Michel Montrond foi o único dos mais de 30 artistas que recusou a comparecer na festa e cantar, como estava anunciado no cartaz cultural do festival. CG

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