Em atenção à presente conjuntura mundial e à do país, ambas marcadas por sentimentos de incertezas, num meio cada vez mais exigente, dinâmico, global e competitivo, torna-se ingente que as instituições cabo-verdianas saibam gerir, com muita parcimónia, a sua imagem em obediência a uma estratégia que deva sempre repercutir-se, positivamente, na sociedade.
A esta luz, o profissional de Relações Públicas, enquanto elo de ligação entre a organização e os seus públicos, tendo em vista a satisfação dos interesses de ambos, tem um papel fundamental para uma boa comunicação institucional.
Desta feita, a profissão, em Cabo Verde, começa a ganhar cada vez mais espaços. Muitas organizações estão a perceber a necessidade de repensarem as suas estratégias e as suas políticas de comunicação. Aliás, algumas, outrora arrogantes e fechadas em autismos inqualificáveis, procuram e aceitam agora a eficácia de uma comunicação mais transparente e, através dela, vão já prestando contas à sociedade, utilizando estratégias respeitáveis para conquistar os seus vários públicos a fim de enfrentar mercados cada vez mais competitivos e agressivos.
Muitos exemplos ilustram hoje essa mudança. Algumas empresas estão a recorrer à comunicação social, designadamente, a rádio, para avisar de cortes de serviços temporários, pedindo desculpas pelos transtornos e apelando à compreensão dos visados. Outras, que não mostravam muita abertura ao diálogo com os seus diferentes públicos, hoje, já os incentivam a participar na vida da instituição.
Do mesmo modo, empresas, que antes não aceitavam e nem respeitavam as sucessivas reclamações dos clientes pelos serviços prestados, também, hoje, pressionadas pela concorrência, estão atentas às exigências da sociedade para diversificarem e aumentarem a excelência dos serviços/produtos oferecidos.
Outra tendência do mercado, cada vez mais visível, é a da responsabilidade social das organizações. Pelas exigências actuais da sociedade, as organizações estão mais conscientes de que não basta, pelos dias que correm, somente ter serviços e produtos de qualidade, sendo também necessário que, efectivamente, sejam socialmente responsáveis, interessadas na vida da sua comunidade, assumindo postura de responsabilidade em relação à sociedade.
Por conseguinte, inúmeras instituições têm dado nítidos exemplos do valor do investimento em questões de responsabilidade social, de investimento comunitário, procurando fortalecer a sua imagem junto da sociedade e também aumentar a sua quota de mercado.
Outro campo que se abre e que ganha uma importância de monta no mercado são as Relações Públicas no desporto.
O desporto, nos últimos tempos, tem-se afirmado, cada vez mais, como uma área que acrescenta valor ao país, desperta sentimentos de orgulho e patriotismo nacional, assim como contribui para o crescimento da economia.
Diferentes modalidades, assinaladamente, náuticas e aquáticas, futebol, boxe, voleibol, atletismo, andebol, tem ajudado a projectar o nome do país além-fronteiras, participando em competições internacionais.
Hoje em dia, algumas organizações rivalizam entre si para associarem a sua imagem a alguns clubes e a personalidades desportivas com o objectivo de conseguirem uma melhor imagem junto da sociedade e de reforçarem a sua área de negócio.
As Relações Públicas podem ser uma mais-valia para ajudar os clubes, associações, federações, a atingir os seus propósitos, não somente desportivos e financeiros, senão também comunicacionais. Desempenham um importante papel a coadjuvar as entidades na sua organização desportiva, criação de programas, actividades e eventos, gestão de imagem e identidade, relações com os adeptos e com os mass media, etc.
Assim, o profissional de Relações Públicas emerge como o intermediário nesta relação a fim de garantir que os interesses de todos sejam satisfeitos (clubes, adeptos), uma vez que os novos tempos mostram o despertar da crítica desportiva e principalmente dos adeptos, cada vez mais exigentes com os seus clubes. A realidade actual do desporto exige que a política de transparência seja um compromisso de todos os agentes desportivos.
Um outro nicho de mercado cabo-verdiano, que se mostra propício à prática de Relações Públicas, é a vertente cultural. A cultura tem sido, cada vez mais, a porta-bandeira do país, contribuindo para a consolidação da sua identidade. E mais do que nunca, hoje a cultura apresenta-se como uma área rentável, uma verdadeira indústria a ser explorada.
Assistimos a uma postura mais madura e profissional de todos os agentes culturais, uma maior diversificação e organização de eventos. Anualmente, acontecem diversas manifestações culturais, eventos de grande envergadura realizados no país, já com uma periodicidade definida e fixa, nomeadamente, espectáculos musicais, festivais de música, teatro, dança, feiras de livros, etc.
Por conseguinte, à semelhança do sector desportivo, instituições e empresas utilizam a cultura para projetar e/ou fixar a sua imagem, nome ou produto.
São muitas as empresas cabo-verdianas que têm patrocinado diferentes eventos, expressões e manifestações artísticas e culturais. É um factor que trará diferencial entre as demais marcas do mercado. Para além de terem um retorno financeiro, apoiado nas leis de incentivo fiscal, vêm a sua imagem reforçada como uma instituição atenta aos interesses da comunidade, que fomenta a cultura.
Nesta senda, surge o profissional de Relações Públicas como responsável por delinear e assegurar esta estratégia de comunicação empresarial, com a responsabilidade de garantir uma relação de conformidade entre a acção cultural realizada e a marca patrocinadora, sua identidade, sua imagem e seu posicionamento, para que a sociedade/consumidor perceba a comunicação que está ser realizada.
Outro meio, onde é essencial a presença do profissional de Relações Públicas, é na política. Todavia, prometo voltar a este assunto no próximo capítulo.
Mercado de trabalho
Por
Publicado em