Uma nova força política, denominada Partido Popular de Cabo Verde, cuja sigla é “PP”, já está na estrada a recolher as 500 assinaturas necessárias para se legalizar. Forjado como uma “força política com forte pendor social”, PP lança a ideia de que o país precisa de um Governo e um Parlamento menos dispendiosos, com menos integrantes, para que as poupanças no funcionamento sejam investidas na saúde, educação e outros sectores sociais.
Amândio Barbosa Vicente, um dos integrantes do núcleo coordenador do PP, faz questão de dizer que o partido não emerge dos protestos contra o Estatuto dos Titulares de Cargos Políticos, nem tão-pouco está ligado à Mobilização de Acção Cívica (MAC#114) que liderou os protestos contra o decreto-lei vetado pelo Presidente da República. A ideia de criar o PP, garante Barbosa Vicente, vinha de antes e começou a ganhar corpo nas primeiras semanas do passado mês de Janeiro.
Mais que um projecto de curto prazo, o PP pensa construir uma visão sem pressa. “Trabalhamos para que, em 2030, sejamos uma opção governativa credível, propugnando um Cabo Verde com desenvolvimento sustentável onde se concretizam as ideias plasmadas na Constituição República no que refere à saúde e à educação gratuitas, assim como a outras de pendor social”, materializa Barbosa Vicente, que diz não entender as taxas moderadoras instituídas nos hospitais quando as despesas da saúde deveriam ser cobertas pelos impostos que os cabo-verdianos pagam.
Questionado se esta não seria apenas uma proposta populista e sem suporte do ponto vista financeiro e político, Barbosa Vicente responde que ninguém no PP quer poder pelo poder e por isso não há motivo para a demagogia.
“Para o PP, o exercício do poder político é uma missão voluntária e patriótica, que jamais promove um estatuto particular ao político, garantindo-lhe a possibilidade de se enriquecer à custa do erário público, ou ter quaisquer outras vantagens extras não compatíveis com a justiça, com o Estado de Direito e com o bem comum”, lê na nota que explica os motivos por que se avança com o PP, na qual os coordenadores do projecto acrescentam que “a razão fundamental da descrença na política, fazendo com que grande parte dos cabo-verdianos estejam descrentes e frustrados com o exercício do poder político em Cabo Verde, tem como causa os problemas da representação”.
Por isso, e em termos concretos, os coordenadores do PP defendem um Governo com um máximo de 10 integrantes e um Parlamento com menos de 40 deputados. Ou seja, como escrevem na nota explicativa, o Estado deve ser moderno, eficiente e eficaz, cumpridor cabal das suas atribuições e “nesses 40 anos de Cabo Verde como Estado Soberano, o PAICV e o MPD provaram já que são contra o Estado que cumpre as suas atribuições”. Além disso, pensam num Estado que promova a justiça social, “coisa que não existe, nunca existiu e nem existirá com os governos do PAICV e do MPD”.
A proposta se traduz, na prática, numa poupança nas despesas da máquina do Estado para investir nas pessoas.
Lançados nesse desafio há cerca de quatro meses, os coordenadores do PP já estão a reconhecer assinaturas em diversas ilhas para legalizar o partido. Precisam de pelo menos 500 assinaturas reconhecidas em todo o território nacional, sendo que em 12 concelhos, no mínimo, têm de angariar não menos do que 25 assinaturas.
O momento parece propício para se arrancar com novos projectos políticos na medida em que não só os protestos contra o Estatuto dos Titulares de Cargos Políticos escancarou a insatisfação com os partidos com representação parlamentar, mas também os estudos mostram uma descrença na forma de fazer política em Cabo Verde.
Barbosa Vicente e os seus companheiros mostram-se cientes disso, tanto assim é que garantem que não propõem uma estrutura hierarquizada no qual uns poucos mandam e outros cumprem. Propugnam uma visão horizontal na qual as ideias fluam e os projectos concretizem, sempre em defesa daquilo que sirva o grosso da população.
Novo partido na forja: PP para Governo e Parlamento magros
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