A recondução do major-general Alberto Fernandes no cargo de Chefe de Estado Maior das Forças Armadas (CEMFA) está a gerar uma guerra surda entre o Governo e a Presidência da República. Jorge Carlos Fonseca mantém reticências em reconduzir o major-general, enquanto o executivo de José Maria Neves reitera a sua confiança em Alberto Fernandes.
O Governo, como manda a Constituição da República, propôs ao PR, desde finais de Dezembro, a recondução de Alberto Fernandes no cargo de CEMFA, mas até esta não teve qualquer sinal nesse sentido por parte do Chefe de Estado, Jorge Carlos Fonseca, que é também o Comandante Supremo das Forças Armadas (FA).
Na edição anterior deste jor- nal tínhamos avançado que Alberto Fernandes pode não ser reconduzido no cargo de Chefe de Estado Maior das Forças Ar- madas, porque o Presidente da República (PR) não está satis- feito com a sua postura, alegadamente, por o andar a ignorar enquanto Comandante Supremo das FA.
Entretanto, o primeiro-ministro estranhou a notícia do A NAÇÃO, que, no seu entender, “só pode ser falsa”. É que segundo José Maria Neves, desde final de Dezembro, o Governo enviou uma proposta ao PR e, tendo encontros semanais com o Chefe de Estado, “ele não me disse absolutamente nada e, portanto, espero que esta notícia seja falsa porque seria grave que a Presidência da República mandasse mensagens ao Governo através de um jornal”.
JMN fez tal afirmação na entrevista que concedeu à Rádio de Cabo Verde, a propósito do quarto aniversário do seu actual executivo e durante a qual comentou vários outros aspectos da vida nacional. Um dos temas foi a remodelação ou não do seu elenco governamental, confessando que há membros do seu executivo que pediram para deixar essas funções.
Entretanto, confrontado também por A NAÇÃO sobre o processo de recondução do major-general Alberto Fernandes no cargo de CEMFA, Jorge Carlos Fonseca confirmou ter recebido há já algum tempo a proposta do Governo nesse sentido, tendo afirmado que essas coisas “têm que ser avaliadas”.
JCF asseverou que não há nenhuma crise nas FA e que as suas relações com a institui- ção castrense são as que são balizadas pelas funções que o PR tem como Comandante Supremo das FA, “o que não quer dizer que as perspectivas das pessoas sejam coincidentes”.
Fonseca rematou que este dossiê “é um assunto normal, porque é a nomeação para um alto cargo público, neste caso relativo às FA” e cabe nos ter- mos constitucionais ao Governo propor a nomeação e ao PR decidir, coisa que manifestamente ainda não fez, até ao momento da nossa abordagem.
O mandato do major-general Alberto Fernandes no cargo de Chefe de Estado Maior das Forças Armadas terminou no dia 31 de Dezembro de 2014. Até à sua substituição ou renovação do mandato ele vai exercendo essas funções normal- mente.
Recondução do CEMFA: Continua o braço-de-ferro entre PR e Governo
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