João Gomes, ex-presidente da Assembleia Municipal de São Vicente, e a sua sucessora, Celeste Fonseca, são duas figuras cotadas para capitanear o MpD nas legislativas de 2012 na ilha. Mas há outros rostos que se perfilam como o número dois da Câmara Municipal, Humberto Lélis, ou mesmo o “veterano” Rui Figueiredo.
Numa ilha onde o MpD lidera as autárquicas, mas perde as legislativas há pelo menos uma década, esse partido procura agora pintar o quadro das eleições gerais com tons mais verdes. Para tal, joga com políticos que fazem carreira no município numa estratégia de aproveitar o conhecimento que têm do terreno para fazer a reviravolta nas legislativas de 2016 .
Nessa lógica, João Gomes assume linha da frente. Não só porque coordena o partido na ilha e por causa desse cargo está contacto com as bases, como há pouco mais de um ano credenciou-se como figura de proa do MpD em São Vicente ao vencer a batalha interna contra Humberto Lélis, este apoiado pelo edil Augusto Neves.
Nas últimas sessões parlamentares, Gomes fez-se presente a substituir colegas eleitos pelo círculo eleitoral, pelo que vai abrindo caminho para ser o sucessor de Jorge Santos como cabeça de lista ventoinha por São Vicente. Se não chegar lá, observa uma fonte do MpD, estará certamente entre os três primeiros da lista.
Está também cotada como possível capitã do team a actual presidente da Assembleia Municipal, Celeste Fonseca. Mulher de verbo fácil, Fonseca ganha cada vez mais cabedal político a administrar o órgão legislativo autárquico onde três forças – MpD, PAICV e UCID – se confrontam, por isso não é de estranhar que se perfile para voos outros. Os caminhos da Assembleia Nacional cabia-lhe bem até porque as mulheres ligadas ao MpD já fizeram saber que na próxima legislatura querem mais rostos femininos na casa-centro do poder político em Cabo Verde.
OUTRAS HIPÓTESES
Entretanto, há outras hipóteses que não se pode descartar para já, pois, como decidiu a Comissão Política do MpD, a escolha dos nomes para as legislativas passa por processo e segue uma fórmula. Nela a indicação ou opção o presidente do partido, Ulisses Correia e Silva, tem um peso de 20 por cento (%) e os restantes 80% derivam de estudos de opinião conjugados com a apreciação/apoio das estruturas locais do MpD.
E sendo assim, há muitas variáveis em jogo e por causa disso outros nomes podem assumir papel importante. O vereador da CMSV, Humberto Lélis, apresenta-se como uma possibilidade assim como Rui Figueiredo.
Dos quatro nomes mencionados, Figueiredo talvez seja o que menos contacto tem com as bases do partido em São Vicente, já que há largos vive na capital do país e se deixou eclipsar aos poucos. Por outro lado, de todos é o que tem mais projecção nacional e internacional mesmo porque na década de 1990 chegou a ministro dos Negócios Estrangeiros e já foi eleito deputado da nação pelo círculo eleitoral de São Vicente, por diversas vezes.
A JOGAR POR CINCO DEPUTADOS
Nome do possível capitão à parte, o MpD, segundo fontes do partido, define como meta ultrapassar o PAICV nas legislativas em São Vicente. Dos 11 eleitos nesse círculo eleitoral, o partido ventoinha deseja eleger pelo menos cinco, num cálculo em que se parte do principio de que dificilmente a UCID perderá os seus dois representantes. Feita a contabilidade desta forma linear, restariam quatro vagas para o PAICV. Mas nisso da política há muitas coisas imponderáveis, pelo que cantar de galo só depois do resultados das urnas.
Certo parece o retorno do deputado Jorge Santos ao seu círculo eleitoral de origem, Santo Antão, depois de em 2011 encabeçar a lista por São Vicente. Santos já se assume como coordenador do partido para a ilha das montanhas e deve voltar às origens na tentativa de reverter o quadro a favor do MpD em 2016, já que nas legislativas anteriores, pela primeira vez na história das eleições multipartidárias em Cabo Verde, o “seu” partido perdeu em Santo Antão para o rival PAICV.
São Vicente: MpD joga com “figuras da autarquia” para puxar legislativas
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