A Direcção Nacional (DN) do MpD reúne-se este sábado para definir o modelo de escolha de candidatos a deputado e a órgãos autárquicos, mas a tarefa não se afigura nada fácil. Isto tendo em conta os interesses em jogo.
Para já, a grande novidade é o facto de a DN voltar a reunir quase um ano após a última reunião, que aconteceu em Março de 2014. Esse órgão, que deve ser convocado quatro vezes por ano, reuniu-se apenas uma vez após a eleição de Ulisses Correia e Silva para o cargo de líder do MpD, violando assim, de forma clara, os estatutos do partido, conforme o referido pelo número anterior do A NAÇÃO.
Em relação ao modelo de escolha dos candidatos, o presidente da mesa da DN, José Luís Livramento explicou, em esta semana, conferência de imprensa, que o MpD defende que a composição das listas de candidatos a deputados e aos órgãos autárquicos deve gerar confiança nos eleitores e traduzir a nova esperança para Cabo Verde.
Para José Luís Livramento, a composição das listas deve representar, em cada círculo, muito mais do que nomes, pessoas em quem os eleitos reconhecem qualidades, capacidade, conhecimento e emprenho na solução dos problemas do país e das suas localidades.
Esse dirigente afirma que o MpD quer garantir ao país não só as melhores soluções, mas também a melhor escolha de candidatos, através de regras objectivas, transparentes e socializadas no sistema do partido e na sociedade.
Entretanto, A NAÇÃO sabe que a tarefa não se afigura fácil. Em relação às autárquicas, vários dirigentes e militantes consideram que há presidentes de Câmaras que “já deram o que tinham para dar”. Apontam os casos de José Pinto Almeida e de Manuel Ribeiro, que “devem dar lugar a outros candidatos, que possam imprimir maior dinâmica na gestão autárquica nas ilhas da Boa Vista e do Maio”, respectivamente.
Em relação à Boa Vista, A NAÇÃO sabe que o deputado José Luís Santos vai avançar “custe o custar” com uma candidatura. Aliás, fez uma tentativa nas eleições anteriores, em 2012, mas teve que recuar, em nome dos “superiores interesses” do partido. Hoje, José Luís Santos mostra-se arrependido, alegadamente, porque as razões que o levaram na altura a pensar numa candidatura prevalecem.
No Maio, onde Manuel Ribeiro está “claramente em fim de ciclo”, a alternativa seria avançar com o nome de Joana Rosa para a disputa da Câmara Municipal. A dúvida é se a deputada estaria na disposição de mudar de ares e trocar a vida que já tem organizada na Praia, para a pacatez do Porto Inglês. Caso nao se mostrar disposta a isso há quem entenda que é chegada a hora de o MpD ensaiar uma alternativa a Ribeiro. “Como está é que nao podemos continuar”, sublinha o interlocutor deste semanário.
No Sal, onde o edil Jorge Figueiredo já se mostrou indisponível para a mais uma recandidatura, a incógnita é se o MpD avança como uma candidatura própria, ou se continua a apoiar o GIMS. Ao decidir por uma candidatura própria a aposta deverá recair em Janine Lélis, que ,segundo alguns dirigentes ventoinhas, goza de “elevado prestígio” na sociedade salense, sem contar com o seu capital político conquistado nas últimas eleições legislativas, onde, como cabeça de lista do MpD, derrotou pesos pesados do PAICV.
Na Praia, onde Ulisses Correia e Silva, por razões óbvias deixa o cargo de presidente da Câmara, as coisas também não se afiguram nada fáceis. Depois da disputa interna entre os vereadores Óscar Santos e Gilberto Silva, surge agora Agostinho Lopes para baralhar as contas, conforme o revelado pelo número anterior deste jornal.
Para Santa Cruz, que se tornou o Câmara apetecível depois da saída de Orlando Sanches, A NAÇÃO sabe que o MpD está a apalpar terreno para tentar apresentar uma candidatura ganhadora. Orlando Dias, um crónico candidato em Santa Cruz, não quererá, certamente, deixar os seus créditos por mãos alheias, criando assim algumas dificuldades na tomada de decisão que se impõe.
Para as legislativas, alguns “críticos” da actual direcção do MpD deverão ser preteridos das listas de candidatos a deputados, ou então colocados em lugares inelegíveis, mas, segundo uma fonte junto desse partido, a “guerra vai ser dura”.
“Não podemos permitir que se perpetue o esquema de escolher candidatos, que não dão combate político no Parlamento, estribando-se na tese de que garantem alguns votos. Esse tempo já passou. O Parlamento precisa de gestão com capacidade técnica e política, que possam constituir uma mais-valia para o partido e para o país” realça a nossa fonte. E deixa este aviso: “Já é tem de acabar com o expediente de levar gente para o Parlamento com o único propósito de garantirem uma boa reforma no fim da legislatura”.
A reunião da DN do MpD vai também analisar a situação política e económica de Cabo Verde e discutir e aprovar os instrumentos de gestão desse partido.
Direcção Nacional do MpD reúne-se com a “batata quente” das autárquicas e legislativas
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