Os valores em dinheiro e equipamentos advenientes de apreensões feitas pela Polícia Judiciária em São Vicente, em 2014, ultrapassam os 50 mil contos. Parte desse montante já se reverteu a favor do Estado com a condenação a cinco anos de cadeia do nigeriano Alex Ikegbunam, dono de cibercafés na cidade do Mindelo e sentenciado por tráfico de droga.
Só da operação que levou à detenção de Alex Ikegbunam, que residia em Chã de Alecrim e era proprietário de dois cibercafés e um bar restaurante, a PJ apreendeu cerca de 4 mil dólares, 4 mil euros e mais de 300 contos em escudos. Fora esse montante, todos equipamentos apreendidos, entre os computadores, impressoras, telemóveis, foram perdidos a favor do Estado, na sentença em que o Tribunal da Comarca de São Vicente considerou Alex, detido com 23 cápsulas de cocaína, um traficante de droga e não um consumidor como a defesa alegou durante o julgamento.
Com o caso de Alex já sentenciado, a contabilidade das apreensões vira-se para o grupo detido em São Vicente, em Novembro passado, com um carregamento de 521 kg de cocaína, cuja operação ficou conhecida por “Perla Negra”. Nesse caso, além da droga e de armas de guerra, a PJ apreendeu 140 mil euros e 515 contos em notas, um iate, carros e objectos em ouro.
Fazendo uma soma das grandes e pequenas operações feitas pela PJ em São Vicente, uma fonte bem colocada assevera que só em dinheiro e equipamentos informáticos as apreensões ultrapassaram os 50 mil contos em 2014.
De resto, a julgar por esses números e pelos processos resolvidos relacionados com roubos à residência, a produtividade da PJ na ilha do Monte Cara cresceu bastante em 2014 em comparação com o ano anterior. Para se ter uma ideia mais clara desse aumento, basta referir que em 2013 a PJ deu por concluído 208 processos de roubos e no final de 2014 atingiu-se o triplo desse valor com mais de 600 casos resolvidos em um ano.
Chama particular atenção o facto de que só dos meses Outubro a Dezembro passados a PJ ter identificado e recuperado mais de 30 telemóveis roubados nas ruas de São Vicente. A maioria das pessoas assaltadas e que tinham o IMEI, número de registo do aparelho que está junto da bateria, teve o respectivo telemóvel de volta.
O IMEI ajuda bastante porque mesmo que o assaltante troque de cartão, essa espécie de impressão digital do telemóvel mantém-se e assim sendo fica fácil localizar o aparelho onde quer que esteja. Só que boa parte das pessoas não tira o respectivo IMEI e quando são assaltadas fica muito mais difícil recuperar os telemóveis.
GREVE
Esses dados foram conhecidos neste momento em que os inspectores da PJ preparavam-se para uma greve de dois dias que deveria iniciar-se esta quarta-feira, 11, depois do fecho desta edição.
Aquele colectivo reivindica melhores condições salariais e um estatuto condizente com a tarefa de quem arrisca a própria vida para desvendar crimes relacionados com tráfico de drogas e de armas, homicídios, lavagem de capital, entre outros.
Aliás, a associação sindical da classe há muito reclama do salário de 49 mil escudos para inspector da PJ, como da “margem lenta” das projecções e promoções na carreira e até fecho desta edição estava disposta a concretizar a greve para forçar uma negociação com o Ministério da Justiça.
Mas o ministro da Justiça, José Carlos Correia, já questionou não só os motivos da greve como se a PJ, como garante da segurança do país, teria esse direito. Um questionamento já criticado por alguns sindicalistas e actores políticos.
São Vicente: Mais de 50 mil contos em dinheiro fruto de operações da PJ
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