As perdas na rede e as ineficiências da Electra refletem directamente nas tarifas de água e electricidade, que deverão ser actualizadas ainda este mês. O presidente da Agência de Regulação Económica, Renato Lima, diz que a totalidade dessas ineficiências não devem contudo ser repassadas ao consumidor.
Com a redução substancial do preço dos combustíveis, decretada na semana passada, impõe-se uma actualização dos preços da electricidade e água. Esta é, para todos os efeitos, a expectativa das famílias e empresas, tendo em conta o peso que esse factor ou custo de produção tem directamente na economia.
Contudo, tendo em conta as tradicionais ineficiências da Electra, o presidente da Agência de Regulação Económica (ARE) não espera uma redução acentuada daqueles dois bens essenciais, água e energia, mesmo tendo em conta a queda “vertiginosa” do preço do barril de petróleo no mercado internacional.
Cabo Verde é considerado o país com energia eléctrica mais cara do mundo, mas Renato Lima diz que uma das razões objectivas para essa tarifa tem a ver com o preço líquido dos combustíveis, mesmo com a melhoria obtida através da penetração de 22 por cento de energia eólica. “Mesmo assim, continuamos a ser um grande importador de derivados de petróleo. Se o petróleo está caro a nível internacional não teríamos como reflectir esse custo no custo interno”, defende.
Lima lembra, todavia, que a ARE “trabalha com base na transparência” e sabe que a Electra está a lutar diariamente para reduzir “drasticamente” os seus níveis de ineficiência, que “continuam elevados”.
“A grande luta da regulação é fazer com que o consumidor não pague a totalidade desta ineficiência”, enfatiza aquele responsável, sublinhando que as perdas e o “célebre” roubo de energia, eventualmente até da água, continuam a ser “elevadíssimas” em cidades como Praia e Mindelo. E logo: “Sendo elevadas, acabam por refletir negativamente no tarifário”.
Mesmo assim, conforme os sinais que vêm sendo dados pelo regulador, Renato Lima considera que a Electra “tem de reduzir os seus níveis de ineficiência”, porquanto, em matéria de preço dos combustíveis, “não podemos falar de uma conjuntura desfavorável, antes pelo contrário”.
“São esses exercícios conjugados que estamos a fazer e esperamos anunciar, ainda nesta primeira quinzena de Fevereiro, que os reflexos ou que as melhorias desses factores poderão ter nos preços de electricidade e água”, salienta.
Perguntado se os cabo-verdianos podem esperar uma redução substancial das tarifas de água e luz, Renato Lima diz que em regulação aconselha-se alguma “prudência”. Isto é, “os factos são evidentes, porque todo o mundo está atento ao que se passa no mercado internacional”. E logo também, a magnitude dessa possível redução de preços “está dependente das análises que estamos a fazer”.
Entretanto, a ADECO (Associação de Defesa do Consumidor) diz que a redução dos preços de electricidade e água não deverá ser “nunca inferior a 30 por cento”.
Na semana passada, como A NAÇÃO noticiou, houve uma queda acentuada dos preços dos combustíveis e derivados da baixa de preço do barril do petróleo no mercado internacional. A medida foi aceite naturalmente com satisfação pelos consumidores que aguardam, agora, a redução em cascata de alguns dos produtos e serviços directamente associados ao petróleo.
Electricidade e água: Ineficiências da Electra podem condicionar redução acentuada de preços
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