O desempenho da cúpula do MpD está a ser contestado, internamente, por militantes desse partido. Um deles, de nome fictício Lisita Lima Monteiro, dá voz a esse sentimento, por ora, num circuito fechado no Facebook. E com apoio de outros críticos pede uma “remodelação imediata” no MpD, sob pena de os “ventoinhas” continuarem na oposição.
Com o aproximar de um novo ciclo eleitoral, e numa altura em que Ulisses Correia e Silva procura dar do MpD a imagem de um partido disciplinado e coeso, eis que surgem sinais claros de “efervescência” interna no seio do maior partido da oposição. Contrariando os esforços em sentido contrário da direcção do partido, há quem prefira, neste momento, colocar o dedo em algumas feridas.
Aparentemente, é isso que faz Lisita Lima Monteiro, nome fictício de uma ou de um militante ventoinha, que num post, publicado em circuito fechado do Facebook, traça um quadro nada brilhante da actual direcção política do MpD liderada por Ulisses Correia e Silva, o único a ser poupado nas críticas.
E no debate que se segue, no qual não falta gente a defender o actual “statu quo” dentro do partido, dá para perceber que Lisita não está sozinho(a). Pelo contrário, há quem se reveja nas suas críticas à forma como o partido vem sendo dirigido, por entender, também, que a actual equipa de UCS “falhou na realização dos objectivos associados as premissas que estiveram na base da sua composição”.
E mais: A NAÇÃO sabe que a ala próxima de Carlos Veiga não está nada contente com o “fraco” desempenho da equipa de UCS, sendo o post de Lisita Lima Monteiro, possivelmente, um exemplo do descontentamento existente e lactente no seio do maior partido da oposição.
Um outro sinal não menos evidente é que essa crítica vem, sobretudo, da região norte do país, em especial de São Vicente, que se considera “abandonada” ou chamada apenas a intervir por altura das eleições. Aqui um dos fustigados é o deputado Jorge Santos, cabeça de lista dos deputados do MpD por aquela ilha, cujo desempenho “roça à nulidade”.
Para além de dirigentes do topo, a ala de Carlos Veiga, que engloba figuras como José Filomeno, Mário Silva, Humberto Cardoso e outros mais, contesta a “reabilitação” dos “traidores” do PCD. Neste ponto há, inclusive, quem acuse o presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, de ser neste momento quem, verdadeiramente, anda a “coordenar” o MpD, influenciado Ulisses Correia e Silva nas suas tomadas de posição. “Qual é a intenção?”, pergunta Valdemiro Camporta, um outro nome claramente fictício. “Combater o PAICV ou derrubar politicamente o Dr. Carlos Veiga?”…
O certo é que o post de Lisita Lima Monteiro recorda que que UCS optou por constituir uma CPN, “forte”, apenas por residentes na ilha de Santiago como forma de permitir maior entrosamento desse órgão e evitar um governo sombra, e com quatro vice-presidentes para auxiliar o líder do partido, tendo em conta as suas funções como presidente da Câmara Municipal da Praia.
“No entanto, é voz corrente que temos um presidente forte com uma equipa fraca constituída por tecnocratas, por figuras de terceira linha sem capacidade de mobilização, incapaz de definir uma estratégia consciente”, realça.
Para este militante, muitos dos actuais dirigentes da CPN, que na sua óptica não têm percurso partidário, “caíram de para-quedas” no MpD e se “acotovelam” à busca de pequenos protagonismos”. Um dos alvos de Lisita é claramente Olavo Correia, que é caracterizado como tendo comportamento de “chefe tribal”. Um outro não menos fustigado é Luís Filipe Tavares, descrito como “mais um tecnocrata, sem chama que não mobiliza”.
Lisita diz ainda que o presidente do MpD sabe quanto vale cada um dos seus vices, já que tem na sua posse uma sondagem que faz uma avaliação do desempenho de cada um. “Não a divulga, eventualmente, para os proteger e proteger o MpD. Até aqui tudo bem”, diz o autor do post, que considera que, com esta postura, quem sai prejudicado é o próprio partido. Para Lisita, impõe-se uma “remodelação”, urgente, na CPN para dar mais força ao MpD.
“Estamos sempre a pedir a remodelação do Governo porque tem falhado. Temos que ser coerentes. Por isso, recomendo a mesma receita para este mal interno”, enfatiza.
Lançado o debate, por Lisita Lima Monteiro, várias vozes vieram ao socorro de Ulisses Correia e Silva e seus vices. Desde logo o irmão, César Correia e Silva, que desafia o autor do texto em causa a dar a cara. No debate que se segue alguma roupa suja é também ela lavada e passada a ferro quente. “Sinto muito, eu mesmo sinto mal com o governo do PAICV que tem conduzido este país para o abismo, mas o senhor Ulisses provou já que não serve!”, desabafa Amândio Vicente, um dos participantes do debate.
Avaliação
O certo é que numa avaliação de Lisita Lima Monteiro, a cada um dos integrantes da CPN, apenas o presidente do MpD, Ulisses Correia e Silva, e Austelino Correia têm nota positiva. Os restantes, de 1 a 10 valores, todos chumbam por “péssima” nota, sendo que a média conseguida é de 2,9, daí a ideia de uma “remodelação” no próprio MpD. “Além do presidente temos apenas uma positiva. Os vices navegam todos em campo negativo. Dá que pensar”, conclui.
MpD visto por dentro: “Esta equipa falhou”
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