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Sociedade

São Martinho é hotel “5 estrelas” para presos de crimes violentos e tráfico de drogas

O recente caso da fuga de um recluso da Cadeia Central de São Martinho “espelha bem” o grau de amadorismo na gestão dos estabelecimentos prisionais em Cabo Verde. Além da falta de rigor, há denúncias de favorecimento de prisioneiros condenados por tráfico de drogas e associação criminosa.
Uma fonte, que conhece muito bem as rotinas da Cadeia de São Martinho, garantiu ao A NAÇÃO que há reclusos condenados por tráfico de drogas, lavagem de capitais e associação criminosa, com tratamento “muito especial” naquela prisão. “Alguns deles têm até chaves de sectores e circulam como bem entendem nesse estabelecimento prisional”, precisou.
VISITAS PARTICULARES
Outra denúncia está relacionada com o facto desses mesmos reclusos estarem a receber visitas de todo o tipo em salas particulares, quando há um espaço próprio para isso. “Ao contrário da sala comum de visitas, as salas particulares não estão equipadas com sistemas de vídeo vigilância, o que facilita contactos perigosos, que podem estar na base de algumas situações de atentados registados nos últimos tempos na cidade da Praia”, realça.
A nossa fonte diz não entender como é que uma cadeia da dimensão e com os níveis de exigência como a de São Martinho pode ser gerida por um ex-secretário municipal, sem qualquer especialização na gestão prisional, daí concluir que o caso da recente evasão de um recluso dessa prisão “espelha bem” o grau de amadorismo na sua administração.
“Como é que a um indivíduo que cumpre mais de vinte anos de prisão, por ter cometido crimes violentos, que chocaram a sociedade, é permitido desempenhar as funções de faxina, numa cozinha onde há facas e outros utensílios perigosos?”, pergunta para rematar: “Quem deve ir para a faxina são reclusos já na fase final do cumprimento das penas e com bom comportamento”.
CINCO ESTRELAS
Uma ONG da Holanda, que recentemente visitou a cadeia de São Martinho, no quadro de um périplo por países da América Latina e África, onde se encontram detidos cidadãos holandeses, concluiu que a cadeia central da Praia é uma espécie de “hotel de 5 estrelas” para condenados no âmbito do narcotráfico e criminalidade organizada.
O nosso interlocutor defende uma diferenciação clara no enclausuramento de criminosos que praticam homicídios violentos, tráfico de drogas e a criminalidade conexa, daqueles que cometem pequenos ilícitos. “O Governo tem de projectar a construção de uma nova cadeia destinada exclusivamente à grande criminalidade, com um regime mais duro e com privilégios no mínimo dos toleráveis pelos direitos humanos”.
As coisas, como estão neste momento, “não podem continuar”, alega a nossa fonte exemplificando com as “mordomias” que alguns condenados em processos de tráfico de drogas vêm tendo dentro de São Martinho. “Saem aos fins-de-semana, têm direito a mini-férias de quatro a cinco dias, podem frequentar universidade como se estivessem em liberdade, uso de telemóvel, dentre outras benesses”.

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