O primeiro-ministro José Maria Neves está em vias de voltar a mexer no seu elenco governamental, por forma a adequá-lo à nova situação surgida com a eleição de Janira Hopffer Almada a presidente do PAICV. JHA pode vir a ser ministra de Estado ou então vice-primeiro-ministro. Mas há mais.
Duas semanas depois da eleição de Janira Hopffer Almada a presidente do PAICV, ainda que a contragosto, José Maria Neves está em vias de voltar a proceder a mais uma mexida no seu executivo. Isto quatro meses depois da mexida de Setembro do ano passado, altura em que Jorge Tolentino, por exemplo, transitou da Defesa para as Relações Exteriores.
A acontecer, a nova alteração passa, desde logo, pelo reforço da posição institucional da ministra da Juventude, Emprego e Desenvolvimento dos Recursos Humanos, adequando-a ao estatuto de nova líder do partido que sustenta, politicamente, o Governo.
Neste sentido, JHA deverá surgir como ministra de Estado ou então vice-primeira-ministra, como vinha sendo até aqui cogitado, sobretudo, por seus apoiantes, continuando a acumular as pastas da juventude, emprego e desenvolvimento dos recursos humanos.
DÚVIDAS
De acordo com fontes do A NAÇÃO, a dúvida nesta fase é saber se uma tal mexida do elenco governativo passará apenas pela ascensão de JHA ou se haverá mudanças mais profundas. Desde já, um dos problemas a resolver é a permanência ou não de Cristina Fontes Lima na pasta da Saúde e ministra-adjunta do primeiro-ministro, função esta que fazia dela a segunda figura do Governo. No seu caso, só por um milagre essa permanência poderá acontecer, tendo em conta o absurdo de uma tal continuação.
De acordo com uma fonte bem situada, JHA não exige nem propõe a José Maria Neves uma remodelação do executivo, mas, tendo em conta o quadro criado pelo último congresso do PAICV, o ainda primeiro-ministro não tem outra saída senão mexer no seu gabinete.
Diante disso, ao que tudo indica, excluída está também a ida de JHA para o Parlamento para aí defender as suas posições estratégicas para o futuro que pretende para Cabo Verde, caso vencer as eleições legislativas de 2016. “No Governo ela tem mais meios para fazer a sua política”, explica a nossa fonte, “até porque todos os analistas que já se pronunciaram sobre este assunto apontam para esta direcção”.
Ainda que contrariado com a situação que neste momento tem em mãos, de lado está também, sabe este semanário, a possibilidade de o próprio José Maria Neves vir a demitir-se. “No nosso sistema, a demissão do primeiro-ministro obrigaria à recomposição de todo o executivo, com a aprovação, pela Assembleia Nacional, de um novo programa de governo e outras consequências, o que, obviamente, mergulharia Cabo Verde numa crise política grave. Só por esta razão”, acredita o interlocutor do A NAÇÃO, “José Maria Neves terá que fazer das tripas coração para levar este mandato até ao fim”.
ENTRA E SAI
Entretanto, na bolsa dos ministeriáveis circulam já nomes que poderão entrar ou sair do Governo. Aliás, a simples eventualidade de uma mexida, acreditam os analistas e especuladores habituais, poderá provocar uma debandada entre alguns elementos do executivo.
Para já, fala-se numa possível ida de José Veiga, um dos vice-presidentes do PAICV, para o Governo como forma de insuflar-lhe oxigénio político, bem como na saída de Marisa Morais e José Carlos Correia, respectivamente, das pastas da administração interna e justiça. Estes dois sectores, como é consabido, encontram-se bastante desgastados junto da sociedade.
Mas quem também poderá estar na corda bamba, uma vez mais, é a ministra da Educação, Fernanda Marques, neste momento sob fogo cerrado dos professores.
A eles junta-se Sara Lopes, ministra das Infra-estruturas e Economia Marítima. No seu caso consta que por incompatibilidade pessoal com a nova presidente do PAICV, Janira Hopffer Almada.
Quem deverá permanecer, aconteça o que acontecer, é Cristina Duarte no Ministério das Finanças e Planeamento, não obstante o estado em que se encontra a economia cabo-verdiana. Duarte é apontada como a responsável principal da falência do sector privado; mesmo assim, qualquer saída sua nesta altura acabaria, fatalmente, por comprometer o seu projecto de chefiar o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD). Para todos os efeitos, este é um “desígnio nacional”, apoiado pelo presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, e até do MpD. Contudo, junto dos empresários, o simples nome da ministra das Finanças é capaz de provocar o mais profundo dos esconjuros.
Concluindo, a remodelação é neste momento inevitável, até porque o próprio JMN já a tem como certa. Apenas resta saber quando é que a mesma irá acontecer. Esta semana?… Na próxima semana?…
Remodelação dentro de dias: Janira reforça poderes
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