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Política

Congresso extraordinário do PAICV: Já começou a contagem de espingardas

O Congresso extraordinário do PAICV acontece nos dias 23, 24 e 25 de Janeiro, mas já se notam movimentações e jogadas de bastidores para a formatação dos diversos órgãos do partido, com destaque para o Conselho Nacional. Janira Hopffer Almada venceu as directas do passado dia 14, mas os delegados natos ao conclave podem fazer a balança pender para o lado de Filú. A acontecer… o quadro complica-se no PAICV.
Logo após as directas que permitiram a eleição de Janira Hopffer Almada como presidente do PAICV, começaram as movimentações, com vista ao congresso de Janeiro. A ANAÇÃO sabe que Felisberto Vieira reuniu-se no sábado seguinte às eleições, no dia 20, na Assembleia Nacional, com elementos afectos à sua candidatura. Objectivo: delinear uma estratégia para o congresso, onde espera obter uma posição de força, depois de ter falhado, mais uma vez, o seu grande objectivo de liderar o PAICV.
Aparentemente, os 40,31 por cento de votos (%) obtidos nas directas não preocupam a candidatura de Filú, que espera alcançar um equilíbrio, ou até mesmo ultrapassar os 51, 24 % de JHA, com os delegados natos ao congresso, que estão, na sua maioria, do seu lado.
Outro facto a ter em conta neste xadrez prende-se com o resultado de 8,45% de Cristina Fontes Lima que deverá pender para o lado do segundo candidato mais votado, tendo em conta os acontecimentos pós eleições.
De acordo com o artigo 38º do PAICV, o congresso é composto por delegados directamente eleitos com base nas moções de estratégia; militantes dos órgãos nacionais do partido; militantes do grupo parlamentar; presidentes dos órgãos regionais, presidentes de Câmara e presidentes de assembleias municipais filiados no partido; primeiros secretários dos sectores; delegados eleitos pela Juventude do PAICV, correspondente a 10% do total delegados eleitos pela Federação Nacional das Mulheres do PAICV correspondente a 10% do total dos delegados eleitos.
Para já, é certo que Filú detém uma maioria clara junto do grupo parlamentar, cargo de que não pretende abrir mão, já que eleito por aquele colectivo. Aqui, dos 38 deputados do PAICV, apenas dois estão do lado da JHA. São eles José Maria Veiga (Santiago Norte) e Fernando Frederico (Maio). Os de São Vicente apoiaram Cristina Fontes Lima, exceptuando Alexandre Novais, que, desde o primeiro momento, se posicionou ao lado de Filú.
O Conselho Nacional é composto por 50 membros efectivos, mas integra ainda os presidentes das comissões políticas regionais, os primeiros secretários dos sectores, o presidente da JPAI e mais quatro representantes dessa organização eleitos nos respectivos congressos, o presidente da Federação Nacional de Mulheres do PAICV e mais quatro representantes eleitos nos termos dos respectivos estatutos.
No congresso, que acontece em finais de Janeiro, as atenções vão estar viradas na formatação do Conselho Nacional, que poderá não ser dominado pela actual líder parlamentar do partido. A acontecer um tal cenário, e na falta de entendimento ou de harmonização entre as “alas” que compõem neste momento o PAICV, este partido poderá entrar num momento, no mínimo, complicado da sua vida.
Aliás, este cenário é já alvo de preocupação dos apoiantes de JHA. Isto porque, segundo a alínea e) do artigo 47º dos estatutos do PAICV, compete ao CN designar o candidato a primeiro-ministro e, para isso, como é óbvio, tudo passa por quem controla ou não esse que é o mais importante órgão do partido entre dois congressos.
Até este momento a questão da indigitação do candidato do PAICV a primeiro-ministro tem sido pacífica. Isto porque o presidente do partido teve sempre a maioria nos principais órgãos do partido – Conselho Nacional, Comissão Política Nacional, entre outros.
Portanto, a luta pelo poder no PAICV não terminou com a eleição do presidente no passado dia xxx. Pelo contrário, continua, agora, no congresso extraordinário, que ganha assim uma especial relevância.
Numa entrevista concedida ao A NAÇÃO logo após a sua vitória, JHA mostrou-se algo apreensiva sobre os prováveis cenários do próximo congresso, daí ter afirmado que confia na maturidade dos militantes do partido. “Venho dizendo isso desde que iniciei essa caminhada para a liderança do partido e, naturalmente, penso que todos nós estamos cientes que em primeiro lugar está o PAICV. Todos nós trabalharemos, seguramente, para a união e coesão do partido tendo em vista a necessidade de o PAICV ganhar as próximas eleições, para que Cabo Verde, também, continue a ganhar”, salientou.
Entretanto, Felisberto Vieira, numa carta aberta aos militantes, publicada na edição 381º deste jornal, afirmou que participará no Congresso com uma visão de convergência.
“O PAICV, Camaradas, terá de estar sempre à altura da sua aposta na Democracia e no Desenvolvimento, e é com esta convicção que participarei no Congresso Extraordinário de Janeiro, representando claramente a nossa visão de Convergência e a justeza das nossas causas, aspectos que serão um valioso contributo para a nova liderança do Partido. Estamos, sempre presentes e sempre solidários, lutando sempre para modernizar o PAICV e afirmar os Novos Caminhos de Sucesso para Cabo Verde”, realçou.

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