Da música à literatura, do teatro ao cinema, passando pela dança e outras manifestações artísticas como o Carnaval, a Cultura manteve algum dinamismo em 2014. Em termos genéricos, foi o ano da criação do Ballet e da Orquestra nacionais. O próximo ano trará grandes desafios ao sector, a começar pelo processo da candidatura da Morna a Património Mundial da Humanidade, que parece meio em banho-maria. Uma reviravolta na gestão do Auditório Nacional precisa-se, assim como na chamada Rede de Salas.
MÚSICA
2014 não foi um ano de muita produção para a música de Cabo Verde, mas foi um ano de conquistas para alguns artistas, que querem consolidar a sua internacionalização. Nelson Freitas, por exemplo, assinou com a gigante SONY Music, foi o grande vencedor dos CVMA 2014, com cinco estatuetas, foi o primeiro cabo-verdiano a arriscar o Meo Arena, tendo sido nomeado para o MTV África, sem contar os inúmeros shows ao longo do ano. Foi também o ano de Dino d´Santiago, com inúmeros concertos, fruto não só da sua música que alia o tradicional ao soul, mas também da sua participação no AME_CV2014, que o levou à Coreia do Sul.
Uma nova vaga de vozes femininas surge no tradicional e abraçam-se fusões, como Sara Alhinho, que foi artista revelação dos CVMA 2014. Este ano foi ainda de glória para a artista reggae Nish Wadada: gravou com vários labels europeus e cantores jamaicanos, sem contar o tour de Verão de 15 datas, em oito cidades, pela Europa, incluindo Sérbia, onde já foi convidada a actuar em 2015. Mayra Andrade foi outro nome sonante da música: Lovely Difficult ficou no Top 10 dos melhores discos da Worlmusic, do jornal Sunday Times.
“Anthologia Acústica” de Bau e Voginha e “Cabo Verde Oceanic”, de Vasco Martins, foram duas pérolas editadas em 2014. Por fim, esta resenha leva-nos à criação da Orquestra e do Ballet nacional de Cabo Verde. A febre do funaná continua. Depois da consagração de Zé Espanhol e Lejemia, Ferro Gaita entrou em estúdio, o grupo que mantém viva a chama do funaná tradicional. Para finalizar, em 2015 esperam-se novidades da candidatura da Morna a Património da Humanidade, já que em 2014 a mesma parece ter estado em “banho maria”.
EVENTOS
Cabo Verde é o país dos festivais. Baía das Gatas continua a liderar, pela qualidade e multiculturalidade de artistas, estilos e pelo ambiente envolvente. Anualmente, fica já certo a realização de mais um CVMA. Em 2014, a organização dos prémios da música conseguiu assinar um protocolo com o Ministério da Cultura (MC), que a partir de 2015 passará a apoiar o evento. Mas foi também ano de mais um Kriol Jazz Festival, que procura alargar o seu leque de apreciadores. Também o ministro e artista Mário Lúcio Sousa foi galardoado em Santiago de Compostela com o prémio personalidade do ano da Womex. Outros festivais marcaram 2014: de fotografia e Kavala Fresk, em São Vicente, e de cinema, no Sal e na Praia, foi ano também do Grito do Rock, na Praia.
LITERATURA
Foi um ano de várias publicações. “De Monte Cara vê-se o mundo”, de Germano Almeida, “Coração de Lava” de José Luís Tavares, “ O Curandeiro de Monte Piorro“ de Samuel Gonçalves, “Silêncio Cúmplice” de António Ludjero, “Amílcar Cabral – Um Novo Olhar”, de Daniel Santos são apenas alguns exemplos. O ano que finda foi também da criação da “BiblioCafé”, na Biblioteca Nacional, e o ano em que o jornal português Público lançou a edição fac-similada de “Chiquinho”. Mais um ano em que se nota a falta de uma editora nacional, assim como de políticas de incentivo à leitura entre os jovens. Contudo, o Ministério da Cultura criou o Bureau de Direitos Autorais, que se espera que venha a resolver o este controverso dossiê.
CARNAVAL
Este ano registaram-se transformações para o Carnaval crioulo, de forma geral. O MC tem em curso um plano de sustentabilidade, apoiando 56 grupos, mas também de promoção turística, sobretudo de São Vicente e São Nicolau, os mais enraizados em Cabo Verde e os que contam com mais público turístico. Inclusive, a Agência de Desenvolvimento Empresarial e Inovação realizou um workshop de “Socialização e Validação do Plano Estratégico para Desenvolvimento do Carnaval de São Nicolau”.
TEATRO
Foi o ano dos 20 anos do Mindelact, com o teatro nacional a dominar. As peças apresentadas esgotaram lotação, provando, mais uma vez, que falta uma grande sala de espectáculos na ilha do Monte Cara. “Lágrimas de Lafcádio” fez estreia no primeiro Mindelact, em 1995, regressando vinte anos depois ao palco. Quarenta e dois espectáculos em 16 dias é obra… de arte!
Cultura vende bem em 2014… 2015 a ver
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