O encenador João Branco pretende entrar em grande no ano de 2015, com o lançamento do seu “Crónicas Desaforadas”, previsto para 16 de Janeiro. Um “retrato”, essencialmente, da cidade do Mindelo, mas não só…
As 30 crónicas que agora ganham forma de livro, escritas num espaço de cinco anos (2008-2013), foram publicadas no Jornal A NAÇÃO e também no blogue de João Branco, Café Margoso.
Crónica é uma forma de criação que este conhecido encenador elege como tipo de escrita preferida e no qual se especializou, até porque, ele mesmo, se assume como um “desaforado”.
Branco adianta que este seu livro é feito de “críticas muito pessoais, escritas com emoção, irónicas. Que falam do Mindelo, mas também da actualidade e de assuntos internacionais“, destacando alguns títulos como “Oh amor dá-me um coza”, “Ensaio sobre a má língua”, “A cidade do pecado”, “Ministério da dor” e “A morte do nosso cinema paraíso”.
Uma obra que Jorge Carlos Fonseca (sim, o PR de Cabo Verde) classifica, no prefácio ao livro, como o registo das vivências de um cidadão que quis viver o seu tempo à sua maneira. “João Branco desembarca português e vai-se caboverdianizando à medida que escuta Cesária; que conhece as ‘menininhas’ de Soncente, girando na Praça Nova ou relaxando no ‘Je t’aime’; traduzindo dramaturgos famosos, fazendo a ‘mise em scène’ de peças de teatro e ensaiando uma troupe de amadores; apaixonando-se e casando-se, com a amada, com o teatro, com a música, com as gentes… De tal forma que ‘Crónicas Desaforadas’ são a expressão de um cidadão mindelense assumido, interventivo, que se deixou adotar como filho, que não sendo de ventre crioulo, foi, por opção, gerado em útero mindelense, aconchegantemente materno, e que se revela profundo conhecedor desta terra-mãe, adotada, ‘cidade mistério’, ‘cidade do pecado’, de contrastes e de gentes que, com otimismo latente, respondem às agruras da vida”.
Para JCF, as crónicas de Branco deixam, ainda, “testemunho de um tempo, de um lugar e de umas gentes, em uma espécie de inventário dos sucessos culturais que se deram continuamente nos últimos 20 anos, no Mindelo e arredores, envolvendo o autor, figuras mindelenses – de Cesária e Germano Almeida – ancorados em corredores de saudade – boates e bares, aeroportos e aeronaves, Rua d’ Lisboa, Monte Cara e Porto Grande. K’mê Deus e Júlia, Manuel Estevão e Paulo Miranda, Cesária Évora e Luís Morais, Germano Almeida e Mário Matos (pai) e o espaço por onde gravitam constituem o material de que Branco lança mão para modelar a expressão de seu sentir, de sua saudade, de seu encanto e, sobretudo, de sua cidadania, casando um espaço (com suas gentes, seus problemas e seus encantos) com um tempo (e suas vicissitudes) perante o altar que é a aldeia global onde nos inserimos”.
“Crónicas Desaforadas” vai ser dado à estampa a partir de 16 de Janeiro no Mindelo, seguido do lançamento na Cidade da Praia e Lisboa, pelas mãos da editora Rosa Porcelana. Conta com a fotografia de capa da autoria do fotógrafo cabo-verdiano Hélder Paz Monteiro.
BIOGRAFIA
Filhos de pais portugueses, João Branco nasceu em Paris em 1968. Vive em Cabo Verde desde 1991, no Mindelo, onde, entre outros feitos, funda em 1993 o Grupo de Teatro do CCP do Mindelo (GTCCPM) e também, em 1995, o Festival Internacional de Teatro do Mindelo – Mindelact, tido hoje como um dos mais importantes eventos de teatro africano.
Além de outros textos dispersos, publicados em Cabo Verde e no estrangeiro, este é o segundo livro de João Branco, depois de “Nação Teatro – História do Teatro em Cabo Verde” (2004), premiado pela Associação Cabo-verdiana de Escritores. É membro, desde 2013, da Academia de Letras de Cabo Verde.
João Branco lança “Crónicas Desaforadas” em Janeiro
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