Uma delegação da empresa portuguesa Tekever partiu esta quinta-feira da Cidade da Praia para a ilha do Fogo onde vai acompanhar, através de aviões não tripulados, a evolução da lava do vulcão que assola Chã das Caldeiras há 26 dias.
Em declarações à agência Lusa, antes de partir para São Filipe, Ricardo Mendes, administrador da Tekever, formado em engenharia informática, indicou que serão tiradas, através dos sistemas autónomos aéreos, imagens térmicas em missões diurnas e noturnas.
“Vamos fazer isto com sistemas que se chamam ‘AR 4 Light Ray’, sistemas aéreos não tripulados de pequena dimensão – segundo as qualificações são uma espécie de mini ‘UAV’, sistemas compostos por um avião não tripulado (‘drone’), estações de solo e sistemas de comunicações”, explicou.
“Os aviões – vieram dois) são lançados a alguns quilómetros do objetivo, sobrevoam-no com diversos tipos de câmaras, recolhem imagens, transmitem-nas em tempo real, gravam-nas e permitem que, depois, se proceda ao pós-processamento para se retirar a informação que se precisa, neste caso, qual a evolução da lava”, acrescentou.
Ricardo Mendes, acompanhado pelo operador João Mestrinho e pela técnica Filipa Martins, salientou que o sistema ‘AR 4 Light Ray’ permite obter uma visão “muito diferente” da que se tem em terra, ajudando a prever como vai a lava evoluir.
“Quando se está em terra tem-se uma perspetiva horizontal sobre o que está a acontecer, mas teremos uma perspetiva vertical, vamos ver tudo de cima e obter um panorama com vários tipos de imagem”, sublinhou o administrador da Tekever, cujos protótipos e aparelhos são fabricados pela própria empresa.
“A partir daí, teremos um espetro visível, alta definição, definição mais baixa com mais zoom e uma imagem térmica e vamos conseguir ter uma noção muito mais exata do que se está a acontecer ao longo dos vários dias em que estaremos no Fogo, o que nos permite obter uma tendência” da evolução da lava, sustentou Ricardo Mendes.
O administrador da Tekever disse que, assim que tomou conhecimento das erupções vulcânicas, lembrou-se que uma das empresas do grupo trabalha na área dos sistemas autónomos aéreos, pelo que contactaram as autoridades cabo-verdianas para saber se estavam interessadas na tecnologia, de forma gratuita.
“Oferecemos às autoridades cabo-verdianas a possibilidade de utilizarem esses meios, pois têm vários tipos de imagem aérea, nomeadamente imagem térmica, que imaginamos que fosse útil, pois permitem perceber a evolução da lava nos corredores subterrâneos”, resposta que foi positiva, afirmou.
Ricardo Mendes adiantou que a missão foi preparada com “muito pouco tempo de antecedência”, razão pela qual não foi possível trazer outro tipo de equipamentos, como os sensores para medição de gases na atmosfera, uma vez que estão a ser utilizados pela empresa noutras partes do mundo.
“Mas é perfeitamente possível integrar neste sistema diversos tipos de sensores, nomeadamente para gases na atmosfera. Estamos a fazer vários projetos com esse tipo de sensores noutras partes do mundo.
O vulcão do Fogo entrou em erupção a 23 de novembro e a lava destruiu duas localidades de Chã das Caldeiras, planalto que serve de base aos vários cones vulcânicos do Fogo, obrigando ao realojamento de cerca de 1.500 pessoas.
Sem ter provocado vítimas, a atividade vulcânica tem-se mantido praticamente estável desde o passado dia 06.
A Tekever é uma empresa 100% portuguesa e lidera atualmente nove projetos de segurança aérea e espacial em todo o mundo, tendo parcerias e colaborações com várias empresas e instituições no quadro da Agência Europeia de Defesa (EDA, na sigla inglesa)
Empresa portuguesa vai sobrevoar vulcão do Fogo com aviões não tripulados
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