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São Vicente

Casal suspeito de lavagem de capitais ruma aos EUA

O casal Aldina Duarte e Adilson Delgado, suspeito de lavagem de capitais, deixou o país na sexta-feira passada rumo aos EUA. Apesar de ambos estarem sob Termo de Identidade e Residência (TIR), nada os impediu de atravessar a fronteira porque não estavam sob a interdição de deixar Cabo Verde.
Aldina Duarte e Adilson Delgado chegaram a ser detidos pela Polícia Judiciária de São Vicente sob suspeita de movimentar milhares de contos, usando os dados de clientes do banco onde Aldina trabalhava, o BCA. Nessa altura, o Tribunal de São Vicente entendeu que deveriam ficar sob TIR, pagando fiança, mas sem interdição de saída do país. Por isso, podiam viajar a qualquer momento, o que acabou por acontecer na sexta-feira passada apurou o A NAÇÃO.
O casal rumou aos EUA, levando também a mãe de Aldina, com a justificativa de que irão passar a quadra festiva com os familiares. Mas, as autoridades policiais temem que a viagem de suposta curta duração se estenda por longos anos, pois, ao que tudo indica, Aldina tem residência e documentação que lhe permitem viver nos EUA. Ou seja, segundo a nossa fonte, nada a impede de permanecer na terra do Tio Sam o tempo suficiente para fazer com que as investigações não andem e tudo fique em águas de bacalhau.
ADVOGADO SABIA DA VIAGEM
Contactado por este jornal, o advogado do casal, João do Rosário, diz que sabia da intenção que Aldina e Adilson tinham de viajar. “Poderiam viajar logo depois que saíram do tribunal porque nada os impedia pois estão em liberdade sob fiança, mas sem interdicção de saída do país”, comenta o advogado, que desde a primeira hora tem defendido que as suspeições sobre o casal não passam de algo criado pelas autoridades.
O certo é que Aldina Duarte foi despedida do Banco Comercial do Atlântico (BCA) onde trabalhava, depois das suspeitas de que tinha um esquema montado numa agência em São Vicente e aproveitava da sua condição de bancária para fazer as transacções. O esquema de lavagem de capital alegadamente armado por Aldina passava pela utilização de conta bancária de um idoso que sofre de Alzheimer, doença que tem como principal sintoma o esquecimento.
Segundo as fontes deste jornal, Aldina Duarte era a funcionária que habitualmente atendia o referido idoso, no que, alegadamente, se aproveitava dos seus lapsos de memória e da sua conta para movimentar dinheiro. Numa segunda etapa, a ex-bancária transferia os montantes para outras contas.
Entretanto, segundo fontes próximas à família do idoso, a suspeita também o fazia preencher cheques de grandes montantes, mas a ex-bancária entregava ao antigo emigrante quantias muito menores que os preenchidos nos cheques. Às vezes chegava ao ponto de não lhe entregar nada, já que, como confirmou fontes próximas à família, havia momentos em que o idoso ia ao banco, mas voltava sem nenhum tostão.
Só depois de alguns meses é que a família se apercebeu do que estaria a acontecer e, nessa altura, o prejuízo já chegava aos três mil contos. De acordo com informações que o nosso jornal obteve, a família até pensou em denunciar o caso, mas desistiu por não ter provas, já que os cheques vinham sempre assinados pelo próprio idoso.
Há indícios de que foram inúmeras as vítimas que caíram no suposto esquema que Aldina Duarte mantinha há já vários anos. Durante todo esse tempo acabou por transacionar milhares de contos, em que parte depositava numa conta no nome do companheiro, Adilson Delgado, que nem tem profissão ou um trabalho conhecido. Mas, ao que parece, os responsáveis do BCA há já algum tempo que estavam de olho na sua funcionária e depois de uma denúncia de uma vítima e da ajuda de câmaras vigilantes acabaram por confirmar as suspeitas e Aldina foi suspensa.
A Polícia Judiciária deu atenção ao caso quando o casal decidiu comprar em dinheiro vivo a antiga residência construída por Cesária Évora para a filha Fernanda Évora, além de viaturas e outros imóveis. Na sequência, o casal foi detido no passado 16 de Outubro, sob suspeita de ter transaccionado milhares de escudos durante vários anos, sem que as autoridades avançassem informações sobre a procedência do dinheiro.
Entretanto, saíram sob TIR e o advogado logo defendeu que a detenção foi feita só porque as autoridades verificaram “movimentos anormais” nas contas, mais precisamente na conta de Adilson Delgado, que, como adianta João do Rosário, conseguiu provar todas as movimentações em juízo.
Agora questiona-se por que razão o casal saiu do tribunal sem interdicção de deixar o país, quando havia indícios a apontar nesse sentido e a própria investigação indicava que Aldina tinha residência fora de Cabo Verde.
 

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