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Cultura

Caricatura de Cabral no livro do curso de Agronomia foi feita por Sousa Veloso

“Homem que deu a cara na RTP pelo antigo programa TV Rural”, e que ontem faleceu, aos 88 anos, “tinha uma enorme admiração por Amílcar Cabral, seu colega de curso em Agronomia e que viria a fundar o PAIGC. Um fazia caricaturas, o outro poemas”.
Assim escreve o jornal Expresso (online) revelando o que pouca gente sabia. Sousa Veloso era um caricaturista apaixonado, sendo dele a maior parte das ilustrações do seu livro de final de curso, que teve como um dos finalistas Amílcar Cabral, este autor da maior dos poemas, normalmente acrósticos, sobre cada um dos formandos.
No caso da caricatura de Amílcar Cabral, este aparece com um livro de Engels e outro de Dostoievsky nas mãos a ilustrar, como é óbvio, os gostos literários e políticos do futuro fundador e líder do PAIGC.
Segundo o Expresso, os dois condiscípulos conheceram-se em 1945, ano em que entraram para o Instituto Superior de Agronomia. José cresceu e estudou em Lisboa, e Amílcar, veio de Cabo Verde. No ISA acabou conquistar o afecto dos colegas dada a sua maneira de ser, extrovertida e espontânea, sempre pronto a ajudar os colegas mais fracos.
“Sousa Veloso foi o autor de mais metade das caricaturas dos colegas no livro de curso, incluindo a minha” disse ao Expresso Maria Irene Moreira, uma das poucas raparigas que nesse ano entrou para o curso de Agronomia. Uma outra rapariga foi Maria Vilhena que haveria de ser a primeira esposa de Amílcar Cabral.
Dantas Teixeira, outro colega de faculdade, diz ao Expresso: “O Veloso não fez a minha caricatura mas fez a de muitas dos meus colegas. Tal como o Amílcar Cabral, fez boa parte dos versos do livro de curso”, o que de certa forma pode explicar os laços que uniram dois homens tão diferentes.
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“Amílcar Cabral foi uma pessoa que tocou especialmente o meu pai”, conta Margarida Sousa Veloso.
Quem era Sousa Veloso?
No início da sua vida profissional Sousa Veloso trabalhou no Ministério da Agricultura e, em 1959, ingressou nos quadros da RTP. Correu Portugal, de lés a lés, até o programa acabar, por opção da RTP, três décadas mais tarde. A partir daí “as doenças começaram a ganhar peso. Tiraram-lhe o estímulo que o movia”, diz a filha Margarida: “Passou a viver só para a família, para os oito netos…”, que reconheceu até ao fim.
Sousa Veloso faleceu esta quinta-feira aos 88 anos. A sua bonomia fez com que o engenheiro agrónomo se tornasse num dos rostos mais conhecidos dos portugueses à conta do programa semanal, emitido entre Dezembro de 1960 e Setembro de 1990, ao fim de 1.500 horas de emissão, sendo o programa de maior longevidade da televisão portuguesa. Na última emissão, Sousa Veloso despediu-se com a frase: “até sempre”.
O corpo está em câmara ardente na Basílica da Estrela a partir das 19h desta quinta-feira. Amanhã, às 15h30, haverá missa de corpo presente. O funeral sai depois para o crematório do cemitério dos Olivais.
 

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