O público que se deslocou à Assembleia Nacional para assistir à segunda apresentação da Orquestra Nacional de Cabo Verde (ONCV) mostrou-se muito satisfeito com o resultado dos arranjos das mornas, coladeiras e cola san jon interpretados pela orquestra.
O espectáculo que se iniciou, passavam pouco mais das 21 horas e 30, durou cerca de uma hora. Ricardo de Deus foi encarregue de abrir o espectáculo com uma actuação solo, no piano, interpretando duas composições.
Depois foi a vez da ONCV, que é composta por músicos cabo-verdiano e estrangeiros, encher o palco com notas bem conhecidas de todos. A cada música o público reagia satisfeito com aplausos. Sob o comando do maestro cabo-verdiano Carlos Matos, o público assistiu ao medley que começou com a morna “Mar eh morada di sodade”. “Torrão de meu”, “Alina” , “Praia Maria”, “Flor Formosa”, “Sodade”, “Intentação de carnaval” foram outras música apresentadas com proposta em orquestra que terminou com a composição “Fomi 47”.
“Foi maravilhoso. Todos vimos que foi algo que aconteceu naturalmente, não teve muito esforço. Os arranjos foram feitos de forma espectacular no geral, mas para mim o cola sanjon “Alina” foi surpreendente, a forma como o arranjo foi feito. Espectacular, sem palavras”, afirmou o rapper Batchart Nyabinghi. Para este músico os arranjos foram de arrepiar e sabe bem ouvir música de Cabo Verde numa orquestra. “Foi fantástico”, terminou. Outra espectadora confessou que nunca imaginou uma orquestra cabo-verdiana dessa forma. “Maravilha, um sonho. São vários instrumentos, mas conseguimos com certeza identificar todas elas”, reforça Ana de Pina.
Já o maestro Carlos Matos adiantou que os temas apresentados nessa segunda presença mostra a cabo-verdianidade, a sua paisagem, identificação. “Sentimo-nos realizados por aquilo que recebemos hoje, e mesmo sendo uma linguagem nova aqui na terra, tocado de certa forma orquestrada por cordas clássicas, mas mesmo assim pode-se identificar, dentro da linguagem musical que fizemos e o feedback que o público deu, dá-nos coragem e vontade de continuar esse projecto”, diz.
Lúcia Cardoso, mostrou-se satisfeita com o resultado final, apesar do curto espaço de tempo de preparação e ainda a contratação de novos reforços para a orquestra. “Para mim foi até melhor que a primeira apresentação. As músicas foram escolhidas a dedo, tanto por mim como pelos maestros. (…) vimos a reacção do público, até os músicos holandeses estavam a comentar que não estão habituados a esta reacção no meio do concerto (…)”.
A ONCV vai ganhando assim o seu espaço e ajudar a transpor, ainda mais, a música de Cabo Verde além fronteira. “A beleza é que estas músicas agora estão escritas e arranjadas para a orquestra, podemos comunicar-nos com outras orquestras, aliás já a Orquestra do Centro de Coimbra já toca algumas peças cabo-verdianas”, adianta.
A ONCV pode regressar em Fevereiro, segundo Lúcia Cardoso, que apela aos cabo-verdianos a participarem nos concertos e pagarem as entradas uma vez que o custo da sua realização é elevado. CG
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