Geralda Ramos culpa os profissionais em serviço no isolamento no Estádio Nacional de descuido após o agravamento do quadro clínico do filho de 15 anos.
A criança deu entrada no isolamento a 10 de Agosto e, segundo a mãe, já apresentava dores na região do tórax e pouco tempo depois o quadro clínico do menino agravou-se.
Com a complicação do estado de saúde do filho, a mãe, que também é enfermeira, pediu que o filho fizesse o isolamento domiciliar, o que lhe foi negado.
“Na quinta-feira a médica disse que não me entregaria o meu filho e que por motivos de segurança iriam fazer a colheita de material para análise, pois suspeitavam que a dor que o menino apresentava no peito poderia ser motivada por uma infecção”, contou a Geralda Ramos à RCV.
Segundo a mãe, telefonou ao filho no dia seguinte de manhã e ainda não tinha sido feita a colheita.
“Falei com o meu filho na sexta-feira,14, de manhã e contou-me que ainda tinha dores e que a colheita de material ainda não tinha sido feita. Depois, às 11 horas, preguntei à enfermeira pela condição do meu filho e ela disse-me que ele estava bem”.
A mãe conta que na sequência perguntou se já tinham feito a colheita do material para análise, contudo, a resposta foi negativa.
“A enfermeira disse-me que a colheita ainda não tinha sido feita porque a viatura para levar a colheita para análise não estava disponível”.
Uma hora depois, Geralda Ramos conta que recebeu uma chamada da pessoa que estava a cuidar do filho a alertá-la sobre a condição do adolescente.
“Eu não conhecia a senhora ao telefone e ela perguntou-me se tinha contactos dos médicos na Praia para pedir ajuda, pois o estado clínico do menino não era bom e que a enfermeira do isolamento no Estádio Nacional escondia a verdade. A seguir a enfermeira chefe ligou-me a dizer que entendia a minha aflição, porém às vezes os pacientes exageram”.
Na sexta-feira, 14, o adolescente foi transferido para o Hospital Agostinho Neto (HAN) com um quadro de hemorragia.
“Pelo que entendo meu filho iniciou um processo de hemorragia digestiva alta com vómito de sangue. A partir desse momento começaram a correria para a transferência durante a noite”, explicou a mãe do jovem.
Conforme a Geralda Ramos, este sábado, 15, recebeu um telefonema de uma médica a explicar o estado do filho que, de acordo com a médica está com hepatite.
“O meu filho estava com os olhos amarelados, com uma inflamação no braço esquerdo, depois o direito também inflamou, com uma das coxas igualmente inflamadas, contudo nenhum enfermeiro se apercebeu disso”. Porém todas as vezes que procurou saber o estado do filho era dito que o jovem estava bem.
Neste sentido, Geralda Ramos conclui que houve negligência por parte dos profissionais de saúde no local de isolamento.
Ramos conta que “todos têm consciência de como o vírus é transmitido. Contudo, ainda alguns enfermeiros, que são jovens e recém formados, têm medo de ter contacto com os doentes, mesmo estando devidamente equipados”.
A mãe alerta ao Ministério da Saúde para o que chama, segundo a RCV, de “má preparação e descaso dos profissionais” de saúde nos isolamentos. Geralda Ramos, que também é enfermeira, diz que os médicos no HAN estão a fazer tudo para salvar o filho e pede a ajuda divina.
Carlos Alves
Estagiário