Os alunos do projeto “Pares Educadores” da Escola do Alto Peixinho em Santo Antão, Porto Novo mostraram repúdio esta terça feira (28) contra os abusos sexuais de menores.
O caso do Paul, mediático nos últimos dias, incentivou este grupo a sair às ruas e apelar ao respeito pelos direitos das crianças e adolescentes.
Com mensagens ilustrativas, crianças e o público em geral, repudiaram a cultura de abuso sexual contra menores no país. Nos cartazes liam-se “não toque no meu corpo”, “abuso sexual é um câncer social”, “na escola não toque em mim”.
A iniciativa segundo uma das coordenadoras do projeto, a professora Joanita Fernandes, é sensibilizar as pessoas sobre a problemática de abusos sexuais contra menores, tendo em conta os elevados casos que se tem conhecimento em todo o país.
“Pares Educadores” é um projeto promovido pelos alunos do 6º ao 8º ano da Escola do Alto Peixinho em Porto Novo e tem como objetivo a educação por pares.
“Pares educadores é um projeto formado por um grupo de crianças do ensino básico e temos vindo, juntamente com uma psicóloga, a desenvolver projetos pedagógicos sobre temas sociais que atingem as crianças. Desde novembro de 2019 estamos a trabalhar o tema do abuso sexual de menores, intitulado ‘Quebre o Silencio’”, diz Joanita Fernandes.
“Este projeto surgiu como um grito de socorro, inicialmente para tratar de casos de bulying, sendo que havia alunos que falavam em suicídio devido a problemas enfrentados”, continua.
O projeto, conforme diz Joanita, surgiu dos próprio alunos, que mostram-se atentos aos problemas da sociedade e sugerem temas que são trabalhados. A iniciativa iniciou com quatro alunos, hoje já são treze os participantes.
“Trabalhamos uma metodologia em que as próprias crianças passam a informação entre si, com uma linguagem própria e que se faz entender entre sí. Em vez de ser um adulto a explicar, as crianças falam com os pares, com uma supervisão profissional”, explica a psicóloga do projeto Samira Ramos.
ICCA aplaude iniciativa
A delegada do ICCA em Santo Antão, Earsenia Nico, congratulou-se com a manifestação e reconheceu a importância do envolvimento da sociedade na temática.
“Há casos de abusos sexuais na ilha, mas contudo há uma redução se comparado com o mesmo período do ano passado. O que se nota é o aumento das denúncias o que mostra que a sociedade está a colaborar e nós congratulamos com isso, iniciativas do tipo mostram que a sociedade está indignada com este tipo de crime”, destaca Nico.
Só este ano já são 86 denúncias de abuso sexual em todo o país. O ICCA diz atuar na prevenção e prestação de apoio a vítimas de abuso sexual. Este ano foi entregue ao parlamento um anteprojeto de lei que pretende endurecer a pena a criminosos sexuais e enquadrar outros detalhes que não estão previstos no Código Penal.
Esta semana o Parlamento deverá discutir as propostas de alteração aos códigos Penal e do Processo Penal, que agravam a pena a todos os tipos de crimes sexuais de violência e abuso sexual contra menores.
Ricénio Lima
*Estagiário