Um dia de felicidade para muitos turcos conservadores, um dia amargo para muitos gregos.
Na primeira oração de sexta-feira, 24, no regresso da antiga Basílica de Santa Sofia a Mesquita, as reacções não se fizeram esperar, como a do vice-Presidente da Comissão Europeia, Margaratis Schinas.
“Como grego, sinto-me amargo e chateado. É um dia difícil e tenho a certeza que não sou só eu. Penso que a Turquia deve, finalmente, decidir qual é o grande objectivo geo-político que pretende e com quem quer caminhar no futuro”, explica Schinas.
Em Atenas – a Capital da Grécia -, onde se sente uma tensão cada vez maior com Ancara – a Capital da Turquia -, por causa do conflito territorial no Mediterrâneo, a mudança de Estatuto da Santa Sofia é vista de alto.
“O que está a acontecer em Istambul. Não é uma manifestação de poder, mas sim, uma prova de fraqueza. Eles não têm poder para ofuscar a aura de um Património Mundial. Mas os valores universais podem ser rasgados. É por isso que, é necessária uma condenação universal”, argumenta Kyriákos Mitsotákis, Primeiro-Ministro grego.
Istambul, a quarta maior Cidade do Mundo, outrora Capital do Império Romano do Oriente, conhecida como Constantinopla ou Bizâncio, foi conquistada pelos turcos, em 1493.
O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, assinou um decreto, no começo de Julho, para que a antiga Basílica bizantina de Santa Sofia seja entregue às autoridades religiosas muçulmanas.
A decisão abriu, efectivamente, caminho para que a construção de 15 séculos de existência seja reconvertida em Mesquita.
O decreto foi divulgado logo depois que o Conselho de Estado, um Tribunal Superior Administrativo – alinhado ao governo turco -, anunciou que havia decidido em favor de uma Petição organizada por uma Associação muçulmana. O grupo religioso pedia a anulação de um Decreto de 1934,. que havia tirado o “status” religioso do local.
O antigo edifício bizantino – do século VI – serviu por quase mil anos como uma Catedral Ortodoxa. Depois da conquista de Constantinopla, pelos otomanos, em 1453, foi convertida em mesquita. Este último “status” só mudou 85 anos atrás, quando a Construção passou a funcionar como Museu.