O medo de não vencer a Covid-19 atormenta os doentes. Após a recuperação, pacientes relatam a luta travada contra a doença e os constrangimentos enfrentados no pós-covid.
Luana Teixeira, de 24 anos, diz não saber como contraiu a doença. Todos os membros da família de Luana testaram negativo, menos ela. Após receber o resultado positivo para o novo coronavírus, ficou internada por 21 dias.
Luana é asmática. Por fazer parte de um grupo de risco, esteve sempre com sintomas respiratórios. Facto que ditou o seu internamento no Hospital Agostinho Neto, local onde são levados os doentes com alguma gravidade. Foi submetida à oxigenação e diagnosticada com uma pneumonia, o momento mais difícil, conforme diz.
“Quando cheguei ao HAN, eu conversei comigo mesma e disse ‘tu és forte e vais sair daqui uma vencedora. Tens a tua mãe e o teu filho à tua espera’”, diz Luana, com alguma emoção.
O medo de não vencer a doença esteve sempre presente. O número de mortos provocados pela doença deixou Luana aflita e cheia de incertezas sobre o seu quadro clínico.
Hoje está recuperada da doença. Diz ter sido uma batalha difícil e no pós-covid surgiram outros constrangimentos. Ela e sua família enfrentam discriminação e diz ser acusada de contaminar outras pessoas. “O mais triste é quando somos discriminados por pessoas que sempre foram nossas amigas”, conta.
Toda a família positiva
Já Lucélio Tavares, outro recuperado da Covid-19, diz não enfrentar uma discriminação, mas membros da sua família passam por situações discriminatórias.
Foi durante um treino que Lucélio de 24 anos sentiu-se mal. Dores no corpo, perda de olfato e paladar acenderam os sinais de alerta que depois confirmaram-se como um caso positivo de Covid-19.
Todos os seis familiares da mesma casa testaram positivo. A avó veio a falecer. O maior medo foi de perder a família toda, quando o avô esteve em estado crítico. Lucélio temeu também pela própria vida.
Esteve 23 dias em internamento no Estádio Nacional, em Santiago, com sintomas leves, alguma dificuldade respiratória e falta de apetite. Recebeu alta hospitalar, mas o avô, a prima e o irmão continuam em isolamento, o que ainda deixa Lucélio
preocupado.
O seu desejo é que tudo passe e que o mundo reencontre um caminho com uma nova consciência e vontade de viver.
Ricénio Lima
*Estagiário