O director do Hospital Agostinho Neto, Júlio Andrade, refutou a informação de que um paciente com coronavírus em isolamento na Praia teria atentado conta a própria vida, através da ingestão de medicamentos, esta quinta-feira.
Segundo Júlio Andrade, houve sim um caso de descompensação de um paciente, que foi encaminhado o Hospital Psiquiátrico da Trindade para acompanhamento psicológico, caso que diz ser recorrente.
“Muitos pacientes, incluindo pessoas da terceira idade, têm estado a ter crises de descompensação, causadas pela própria doença. Isto não aconteceu só uma vez. São vários casos, as pessoas já chegaram a danificar janelas e redes, mas não chegou a esta gravidade de pôr termo a vida”, afirmou.
Havendo ingestão de medicamentos, garantiu, o paciente seria encaminhado para o Hospital Agostinho Neto para lavagem e não para a Trindade, sublinhou Júlio Andrade, que diz, entretanto, não ter mais detalhes sobre o caso.
Este jornal tentou, por duas vezes, entrar em contacto com o director da unidade hospitalar da Trindade para saber mais detalhes do caso, mas este se manifestou “ocupado” e prometeu falar sobre o caso mais adiante.
A informação da alegada tentativa de suicídio foi avançada na Rádio de Cabo Verde, que diz que o paciente em causa entrou no espaço de isolamento com medicamentos, que viria a ingerir mais tarde. “Depois de socorrido, os técnicos decidiram pela sua transferência para o Hospital da Trindade onde viria a receber cuidados psicológicos”, noticiava o órgão público este sábado.
Ainda na notícia, o Director Nacional da Saúde, Artur Correia, terá reagido a informação, alegando ser uma situação normal em situação de pandemia.
“Fala-se muito dos efeitos do confinamento a nível da saúde mental das pessoas. Isso é verdade, afeta todo o mundo. Há pessoas que seguem o confinamento à risca, e muito bem, acho que deve ser assim. Mas, há pessoas que ficam afetadas psicologicamente e que precisam de algum apoio”, reconheceu Artur Correia.
Questionado pela pertinência de um psicólogo nos locais de isolamento, ou mesmo na equipa de recolha, o Diretor Nacional da Saúde desdramatiza a situação.
“Em relação aos centros de isolamento que nós temos na Praia, há visitas regulares de psicólogos que prestam apoio. Das mais de 200 pessoas que estão em isolamento, o funcionamento é normal, não há situações dessa natureza, a não ser pontualmente como é o caso concreto”, explicou.
A notícia da alegada tentativa de suicídio em local de confinamento surge duas semanas após o anúncio do uso de álcool por doentes com covid-19. Ainda assim, o Diretor Nacional de Saúde confirma que, na altura, medidas foram tomadas para evitar a entrada de material suspeito nos locais de confinamento.
“Desde que apareceu esse caso pontual de que se falou, a vigilância foi reforçada para tentar prevenir essas situações. Mas, ínsito, foi um caso pontual”, alegou.
