Organizações profissionais de jornalistas, em Angola, estão apreensivos quando à passagem de órgãos de comunicação social privados para a tutela do Estado e temem uma ameaça à liberdade de imprensa no país.
Numa declaração pública subscrita pelas associações dos jornalistas, vários profissionais dos meios de comunicação social chamam a atenção que a pluralidade editorial em Angola ficou muito ameaçada com a recente transferência de vários órgãos privados para o Estado.
O Fórum de Mulheres Jornalistas, Misa-Angola, Associação de Imprensa Desportiva (AIDA), Associação dos Comunicólogos de Angola (ACAN) e o Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) apelam ao Executivo pelo respeito pelas linhas editoriais dos órgãos confiscados.
Segundo estas representações, a hipótese de transformar a TV Zimbo e Palanca TV em canais públicos especializados em notícias e desportos agride a pluralidade de informação.
“Como garantia da independência editorial dos órgãos, as associações profissionais desafiam o Executivo a designar cidadãos idóneos, vinculados às associações profissionais ou não-governamentais, para acompanharem o processo de transição destes órgãos para a esfera privada”, defendem os profissionais.
Segundo avança o site DW, a UNITA desconfia que as empresas vão ser usadas a favor do MPLA no período eleitoral.
Depois de assumir a gestão do Grupo Media Nova, detentora da TV Zimbo, da Rádio Mais e do jornal O País, o Estado angolano está agora a gerir a Interative Empreendimentos e Multimédia, empresa de comunicação que abarca a Palanca TV e a Rádio Global, que pertencia ao deputado Manuel Rebelais, antigo secretário de imprensa da Presidência da República, no tempo de José Eduardo dos Santos.
A Palanca TV, Rádio Global e a Agência de produção de programas de audiovisual foram entregues ao Governo na passada sexta-feira, 28.
Dois dias após a transição, foi retirado da grelha de programação da Palanca TV o “Angola Urgente”, um programa de denúncias e críticas sociais.
Esta é uma das medidas que levantam polémica sobre o controlo do Governo sobre as redações que antes tinham linhas editoriais próprias.