O Movimento Civil para as Comunidades Responsáveis (MCCR) condena “profundamente” aquilo que classifica de actos bárbaros perpetrados contra cães abandonados na ilha Brava.
No início desta semana vazava nas redes sociais imagens de cães carbonizados na lixeira municipal de Favatal, na Brava, o que gerou uma onda de revolta e incredulidade.
O MCCR, que tem travado uma luta contra os maus tratos de animais e, em especial, o abate de cães como solução para controlar a população canina, insurge-se contra o acontecimento e pede, mais uma vez, a responsabilização criminal por tais actos.
“O MCCR condena profundamente os atos bárbaros acontecidos na Ilha da Brava e nos outros concelhos, seja pelas câmaras municipais, seja pela população impulsionada por emoções vingativas e raivosas. Basta uma pequena reflexão, fica claro que estes atos monstruosos não irão trazer melhorias ou soluções, apenas o sofrimento de animais inocentes, vítimas de uma sociedade incapaz de agir de acordo com os valores do século XXI”, alegou, em comunicado enviado à imprensa.
Para este movimento, todos estes casos deverão servir de alerta, principalmente em épocas de eleições.
“Não consideramos aceitável que durante o seu mandato estas câmaras municipais nada conceberam como política para o controlo da população canina e a proteção dos criadores do gado. Chegou o momento de exigir soluções éticas e a assunção de responsabilidades da parte de todos, seja das autoridades ou da população”, reivindica.
Este comportamento, acresce, é inaceitável, quando seres inocentes e indefesos paguem com sua vida e sofrimento a ausência de políticas públicas eficazes, modernas e éticas e a negligência humana de modo geral.
Segundo apurou um voluntário do movimento na ilha, foram dezenas de cães abatidos “com método ainda não confirmado”.
“É possível que tenham sido enforcados ou mesmo queimados ainda vivos. A vereadora responsável pela área, com quem o nosso voluntário se reuniu, relatou que a Câmara Municipal da Brava fez um acordo segundo o qual disponibiliza viatura e meios para os criadores de gado que fazem a captura dos cães”, lê-se no comunicado.
De todos os cães capturados, até o momento apenas quatro foram reclamados pelos donos. Os restantes serão abatidos com medicamentos que, de acordo com o movimento, a vereadora responsável pela pasta não identificou.
A mesma fonte diz ainda que, apesar da lixeira ter dois guardas permanentes e só poder ser visitada com autorização, todos negam ter visto quando e por quem foram depositados e queimados os cães.
Do histórico de captura e abate de cães em vários municípios de Cabo Verde consta a electrocução e tortura de centenas de animais na Cidade da Praia, enforcamento, no Porto Novo, envenenamento na ilha do Fogo, morte pelas mãos dos criadores de gado na Boa Vista e agora a incineração na Brava.
Actos classificados pelo MCCR como “tortura institucionalizada”, que diz existir há muito tempo, mas que precisa ser contido com políticas públicas eficazes e éticas e com profissionais capacitados para gerir estes animais.