Por: António Jardel Andrade
Fogo é a minha ilha e não poderia, em momento algum, deixar de refletir sobre o seu desenvolvimento. Ao escrever essas linhas, manifesto o amor de um jovem que ama a sua ilha natal e que deseja o seu desenvolvimento integral.
O aproximar do mês de agosto, faz-me lembrar as comemorações que se fazem sentir um pouco por toda a ilha, nomeadamente as das festas de Nossa Senhora do Socorro, Nhô São Lourenço e Nossa Senhora da Ajuda. Esses eventos promovem o turismo interno fazendo com que a ilha seja mais dinâmica nesta altura do ano. Estas datas comemorativas servem-nos de referência para reflexões, análises e bases de perspetivas.
O homem com o seu espírito dinâmico, precisa colocar em prática os seus saberes e deles fazer valer o nome do criador e do inovador ou o mérito da evolução, através da racionalidade, inteligência e busca constante de resultados em cada ato.
A ilha do Fogo tem vindo a decrescer demograficamente devido a vários fatores, entre eles, a redução da taxa de natalidade, a migração interna e a emigração. A população actual de 35.621 habitantes (cerca de 6,7 % da população residente em Cabo Verde) vem decrescendo desde o ano 2000, e será de apenas 34.622 habitantes no horizonte de PEDS (Planeamento Estratégico para Desenvolvimento Sustentável).
Uma realidade que poderá ser prejudicial ao desenvolvimento da nossa querida ilha. Portanto, é preciso urgentemente pensar-se em políticas concretas e assertivas para estimular o desenvolvimento desta ilha. Ela precisa da sua juventude e a sua juventude precisa dela, pois trata-se duma necessidade recíproca no atual contexto de mudança que se pretende. Urge repensar a nossa juventude por ser ela o futuro desta nossa bela ilha.
Criação do Município de Patim
Com fortes potencialidades no sector turístico, no sector da pesca, da agricultura e de criação de gado, compete aos atores políticos redesenhar estratégias direcionadas à economia verde e azul, como alternativa para desenvolvimento e criação de riqueza local.
Fica, então, aqui o meu apelo às mais altas instâncias deste país no sentido de ser atribuída maior autonomia à vila de Patim, uma vez que possui condições apropriadas para a tornar num município. Esta pode ser uma estratégia proveitosa para a zona sul da ilha do Fogo, mais concretamente para a localidade de Patim e as zonas circundantes.
Com a sua própria Edilidade, haverá melhores oportunidades para garantir qualidade na educação, saúde, cultura e desporto, e não menos importante, emprego digno e habitação condigna.
Patim com a sua Câmara Municipal bem organizada, com capacidade de dar resposta às demandas dos seus habitantes, proporcionará melhor estruturação urbana e rural, com mais crescimento económico, o que se repercutirá no emprego jovens, e contribuirá para melhorias significativas nas condições de vida de toda a população.
Esta será uma estratégia no sentido de preparar o mercado para que os nossos emigrantes sintam vontade de investir e gerar emprego. O que nos possibilitará ter uma visão para além da fronteira.
Estou convicto de que Patim poderá ser transformado num Município de referência no país, no que tange à agricultura de sequeiro e regadio, criação de gado, pesca e turismo, desde que tenhamos infraestruturas adequadas para potenciar o desenvolvimento desses setores económicos.
Com vista a salvaguardar e garantir os direitos fundamentais da nossa população, relativamente à educação de excelência e inclusiva, saúde, cultura e desporto como forma de mobilizar e capacitar ela a contribuir na mudança para melhor, e reverter o despovoamento da ilha, com criação de emprego, redução da pobreza e planeamento da gestão no meio rural. É necessário garantir a estabilidade na ilha do Fogo.
E o mesmo peço para a localidade de Ponta Verde.
Aproveito para congratular todos os homens e mulheres desta ilha, que se encontram por todos os cantos do mundo, em especial aqueles que no passado ou no presente contribuem para o desenvolvimento da nossa ilha.
Um grande abraço a todos os foguenses …nas ilhas e na diáspora.
A LUTA continua pela voz de um lutador!
(Publicado no A NAÇÃO (digital), nº 675, de 06 de Agosto de 2020)