Aos 52 anos, Nhuco dá à estampa a sua primeira obra, que já se encontra na ilha e que será apresentada amanhã no auditório Padre Pio Gottin, um espaço emblemático da cidade de São Filipe, pelo historiador/professor e pelo activista cultural, António Félix Lopes.
Coração de Letras é o início de um percurso que o autor pretende fazer para contribuir para desenvolvimento da cidade onde nasceu e nesta caminhada “suprema” outras obras serão editadas, estando quase pronto o seu segundo livro.
O autor do Coração de Letras, que classifica a poesia como algo espiritual, considera que a ilha do Fogo, em si, com os seus rituais culturais, sobrados, paisagens, constitui uma autêntica fonte de inspiração poética.
João José Pires “Nhuco”, que nasceu e viveu grande parte da sua vida na cidade de São Filipe, embora com deslocações, para estudos, às cidades da Praia e do Mindelo, referiu que a vontade de servir o Fogo é grande e não vai parar.
Como explicou, a ilha está metida num abismo cultural sem precedentes, num cenário acinzentado e precisa de todos para levantar e alavancar o seu desenvolvimento cultural.
“A ilha é rica, mas está adormecida”.
Numa ilha onde não se faz nada em termos de literatura não se pode valorizar os homens das letras, esperando que o livro Coração de Letras possa funcionar como um ponto de viragem para mudar este cenário, e incentivar a juventude a enveredar pela literatura.
Este reconheceu que “numa cidade sem uma biblioteca, sem salas de leitura e nada sobre a cultura” é difícil incentivar a juventude, mas mesmo assim pretender contribuir para mudar este “estado de coisa”.
Nhuco é professor, poeta e activista cultural, mas pelo meio desempenhou outras actividades como técnico de saúde no hospital regional de São Filipe, tendo participado na dinamização de um movimento cultural que desencadeou muitas actividades culturais e que pretende mobilizar São Filipe à volta de um ambiente cultural forte e promotor de valorização cultural.