Alviar Lopes, conhecido por Pastel, 30 anos, é um jovem licenciado que dedica à venda de rissóis e pastéis, uma saída para sustentar a família. Pensa abrir empresa e expandir os negócios.
Pastel tirou a licenciatura em Ciências Políticas e Relações Internacionais, há cinco anos, mas nunca encontrou trabalho na área que estudou. “Saí da primeira turma de licenciados na área aqui no Mindelo. As chances de trabalho pareciam boas, mas eu enganei-me. Até hoje nada”, lamenta.
Ele continua a entregar currículos, mas tem mais despesas do que retorno. “Procurar emprego, tirar os documentos necessários, distribuir currículo gasta dinheiro. Saio sempre no prejuízo”, conta.
Há cinco anos, ao ver a sua filha nascer, os rissóis e pastéis foram a solução e fonte de renda.
“Aprendi a fazer e comecei a vender. Inicialmente tinha vergonha de chegar nas pessoas mas depois percebi que não tinha escolha. A vergonha não alimenta ninguém e a minha filha precisa comer. Hoje forneço algumas lojas e padarias e raramente volto com mercadoria para casa”.
Empreender
O jovem quer apostar no próprio negócio e fala em empreender no ramo alimentício, apesar de as dificuldades existentes.“As entidades não ajudam, é muita burocracia. As pessoas precisam parar de romantizar o empreendedorismo dos mais desfavorecidos. É de sobrevivência que estamos falando. E eu para sobreviver preciso investir na minha empresa, e é exatamente isso que vou fazer”, realça.
Vive com as duas irmãs, uma que estuda e a outra que o ajuda na produção. Todos os fins-de-semana percorre as ruas e casas de vários bairros da cidade, vendendo pastéis, rissóis, coxinhas, pizza e até papa frita.
“Antes vendia todos os dias, agora consegui um estágio e só consigo vender aos fins-de-semana”, revela o jovem.
O trabalhador informal, como ele gosta de ser chamado, diz que fatura em média 30 mil escudos por mês com as vendas. Assim ele consegue cobrir as despesas da família, prover alimentação e educação para a sua filha.
Pastel está há muito tempo no ramo alimentício. Antes de se fixar na venda de salgados trabalhou em um bar e vendeu verduras.
“Gosto de estar em contacto com as pessoas e de cozinhar. O que eu faço é juntar as minhas duas paixões para ajudar a terceira, que é a minha família”, avança.
Criselene Brito
*Estagiário