Honório Chantre, destacado comandante do PAIGC na Guiné-Bissau, morreu na madrugada deste sábado, 18, na sua ilha natal, Santo Antão, na sequência de um AVC. Tinha 79 anos.
Militar reformado, antigo ministro da Defesa e vice-presidente da mesa da Assembleia Nacional Popular (ANP) de Cabo Verde, Chantre foi dos primeiros jovens cabo-verdianos, com experiência militar, a aderir ao PAIGC em Conakry.
O seu falecimento aconteceu na madrugada de hoje, na Ribeira Grande de Santo Antão, depois de um AVC que o deixou gravemente afectado. Familiares e amigos ainda tentaram evacuá-lo para São Vicente, mas sem sucesso.
Natural da localidade de Guene, Ribeira da Torre, HonórioChantre aderiu ao PAIGC em 1963, ao evadir-se em Angola, ondeestava colocado como alferes do exército português, uma história por ele relatada ao jornal A NAÇÃO, em 2013.
Como confessou, as fomes dos anos 1940 e as injustiças do colonialismo estiveram entre as razões que o levaram a abraçar a luta pela independência de Cabo Verde. A sua consciencialização política aconteceu ainda no liceu em São Vicente, onde conheceu e privou com outros jovens, dentre eles, Abílio Duarte, Amaro da Luz, Joaquim Pedro Silva, etc.
Na Guiné, e aproveitando a sua experiência militar, a direção do PAIGC acabou por colocá-lo como comandante na zona Leste, entre 1968 e 1974. A sua forma de ser e lidar com o próximo fizeram dele um dos comandantes mais respeitados e estimados pelos guerrilheiros guineenses, muitos dos quais se lembram dele ainda hoje com muita saudade.
Chantre integrou também o chamado Grupo de Cuba, constituído por cerca de trinta cabo-verdianos que deveriam desembarcar em Cabo Verde, para aqui abrirem uma frente militar, o que acabou por não se efectivar. Em vez disso, esse contingente acabou por ser lançado no terreno da Guiné, principalmente no sector da Artilharia.
Depois da independência de Cabo Verde, e após um período na Guiné, Honório Chantre foi nomeado ministro da Defesa Nacional em 1981 e mais tarde, entre 1986 e 1991, foi um dos vice-presidentes da mesa da ANP.
Afastado da vida pública e política, Honório Chantre decidiu retornar a Santo Antão, mais precisamente à sua aldeia natal, na localidade de Guene, na Ribeira da Torre.
Amante de história e literatura, mas também das coisas da sua ilha natal, Santo Antão, ouvir Honório Chantre era um prazer, sobretudo, para quem quisesse aprender o muito que ele sabia da vida.