A organização multidisciplinar tem sido a chave do sucesso do combate à pandemia da COVID-19 em São Vicente. Apesar de ser a segunda ilha mais populosa do país, São Vicente registou até então 12 casos acumulados.
Nesta organização multidisciplinar entram a delegacia de saúde, o Hospital Baptista de Sousa, Forças Armadas, Câmara Municipal, empresa gestora dos portos- Enapor, instituições de cariz social e comunitária, ONG, comunicação social a população, que “na maioria das vezes” tem apoiado esse combate, mas também o governo que tomou as medidas na hora certa, tendo instalado o laboratório de virologia na ilha para apoiar a zona norte do país.
O facto de que todas as pessoas, que dão entrada no hospital e no centro de saúde com sintomas respiratórios são considerados como casos suspeitos, e passam a ser estudados, assim como os contactos mais próximos, a seu ver, também é um factor que pesa na performance da ilha diante da pandemia.
“Temos trabalhado na antecipação e os nossos casos têm sido identificados sempre com rapidez e, automaticamente, identificámos todos os “contactantes”, colocamos em isolamento e fazemos testes”, explicou Elísio Silva, para quem isso tem sido essa “eficácia do trabalho” dos profissionais de saúde e dos parceiros.
“Mas, isso tem sido um trabalho grande, um trabalho a doer, de médicos, enfermeiros e outros técnicos da saúde, que trabalham dia e noite”, reiterou, referindo às equipas de combate criadas nas comunidades, e as de emergência, que ser reúnem diariamente e, inclusive, com o Hospital Baptista de Sousa para definir posições e o que devem fazer perante qualquer situação.
A denominada “Equipa de covid de São Vicente”, segundo a mesma fonte, “trabalha de sábado a sábado, sem parar dia e noite, na luta contra a covid-19”.
Para o delegado de saúde, também mostra-se relevante, o facto das pessoas em quarentena domiciliar, serem colocadas a cargo dos centros de saúde das zonas de residência, acompanhadas por uma equipa constituída por médicos, enfermeiros, psicólogos e ainda assistentes sociais, que têm feito a ponte entre as estruturas de saúde e o serviço social da câmara municipal, que tem atribuído cestas básicas a estas pessoas ou famílias.
“Também temos tomado medidas sanitárias locais com as pessoas que vêm de outras ilhas com covid-19 e de transmissão comunitária, nós as isolamos em hotéis e colocamos equipas de saúde a fazer o seguimento nestes hotéis”, lançou Elísio Silva, considerando ser essa uma das razões desse “sucesso” e que faz quebrar a cadeia de transmissão logo no início.
Prova disso, ajuntou, foi o episódio dos passageiros vindos da ilha do Sal, sem realizar testes, que foram logo isolados e depois apareceram cinco casos positivos.
“Mas, o delegado de Saúde não impede ninguém de vir para São Vicente, só que têm que seguir o protocolo, todas as pessoas têm de realizar testes antes, ou então vir, ficar de quarentena e aguardar a realização do teste“, sublinhou o responsável, que mencionou críticas recentes recebidos de cidadãos da ilha de São Nicolau, onde também já há casos positivos.
“Há uma estratégia nacional, mas também há protocolos locais, que devem ser respeitados”, asseverou o médico.
São Vicente conta com 12 casos acumulados da doença e um óbito e ainda já foram realizados, di-lo Elísio Silva, cerca de três mil testes rápidos e já ultrapassou mais de 500 testes feitos no laboratório de virologia, maioria com resultados negativos.