Por: Alex Semedo
1- Preço da negação
Decididamente, o novo Coronavírus é mesmo democrata.
Não olha a quem.
Muito menos ao seu “status”.
Felizmente que assim é.
A saída mesmo, é jogarmos – todos mesmo! – na antecipação, na prevenção, esconjurarmos as aglomerações e ajuntamentos, e seguirmos, à risca, as directivas das autoridades sanitárias do País e da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Mesmo que, às vezes, hajam zigue-zagues, idas-e-vindas e…avanços e recuos.
Como o seguro morre(u) de velho, mais vale precavermo-nos de que desafiar a Ciência.
De sermos negacionistas.
Até porque, regra geral, paga-se muito caro pela negação.
Infelizmente, a negação tem dado – pelo menos, até agora! -, desastrosos resultados.
Já há casos vários, de má-memória, provocados por COVID-19, sendo o mais recente, o do nocauteado Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.
De 65 anos, pertence, portanto, ao “grupo de risco”.
Triste e ridiculamente conhecido pelas suas infelizes tiradas, desdenhamentos e apoucamentos de COVID-19 – que chama de “gripezinha”, “resfriadinho”, entre outros mimos! -, entra, infelizmente, na lista das vítimas do novo Coronavírus.
Para não variar a sua atitude, postura e seu (mau) comportamento – a modos de quem não quer dar o braço a torcer! -, no dia em que comunica, solenemente, ao País e ao Mundo o seu estado de doença, via uma Colectiva de Imprensa, menospreza, desdenha e apouca – uma vez mais! – de COVID-19, revelando, entre outros, que tem tomado Hidroxicloroquina.
“Está dando certo!”, garante.
Só que este medicamento para a Malária (Paludismo) não tem eficácia comprovada, tendo sido mesmo desaconselhado pela OMS.
Mais um mau exemplo e deseducação para os seus fiéis seguidores, que, face ao testemunho do Presidente, podem confundir alho com bugalho e…alinharem-se naquela banha-de-cobra.
Só que o mais grave mesmo da ocasião, foi o tirar a máscara em pleno encontro com os jornalistas, agravada pelo desrespeito ao distanciamento físico. Quando já sabia e estava ciente da sua condição de infectado.
Resultado: a ABI (Associação Brasileira de Imprensa) entra com uma queixa-crime no STF (Supremo Tribunal Federal).
Razão: pôr a vida de jornalistas em perigo, ao tirar a máscara.
Bolsonaro não está sózinho na lista dos “negacionistas” das evidências do novo Coronavírus. Tem a companhia, presentemente, do seu homólogo dos EUA (Estados Unidos da América), Donald Trump, cuja nora testou positiva na semana passada.
Quem já lhes “abandonou” é o Primeiro-Ministro britânico, Boris Johson, que saltou do barco, ao pegar a doença em Março passado, forçando mesmo ao seu internamento.
O contágio de Bolsonaro motivou já diversas reacções e votos para a sua pronta recuperação, em ordem a poder retornar, o mais rápido possível, ao seu posto.
E com nova atitude e postura face à COVID-19.
Que, afinal, é muito mais de que “uma gripezinha” e um “resfriadinho”.
Até quarta-feira, 8, Brasil contava perto de 67 mil mortes e um milhão 674 mil 929 infectados pela COVID-19.
2- Protecção Civil implacável
Com mão dura.
Os prevaricadores que se cuidem.
E que se ponham a pau.
Como “quem avisa, amigo é”, o presidente do Serviço Nacional de Protecção Civil e Bombeiros, Renaldo Rodrigues, deu conta à Imprensa, na tarde de terça-feira, 7, que, só no último final de semana, fecharam 21 estabelecimentos diversos, por descumprimento de medidas sanitárias.
Rodrigues avisa que, a partir de agora, é mesmo a doer, com “tolerância zero” para com os incumpridores.
“Na semana passada, sexta, sábado e domingo, iniciamos uma intensa acção de fiscalização no período nocturno, que teve como foco, bares e outros estabelecimentos”, revela Rodrigues, explicando que foram encerrados, devido ao incumprimento de medidas sanitárias, quais sejam: sobre-lotação e laboração fora do horário normal de funcionamento.
Falando das pessoas que estão retidas nas ilhas com COVID-19, e que querem regressar às suas ilhas de origem, Rodrigues garante que “o processo tem decorrido dentro da normalidade“.
“Normalidade” que é sempre relativa.
Pois, os pressupostos de avaliação e medição podem ser descoincidentes.
Portanto…
3- Amadurecimento plural?
Convergências são sempre bons sinais.
Não se está a falar, nem a pregar unanimismos.
Longe disso.
Relevam-se – aqui e agora! -, e remarcam-se as convergências.
É de se aplaudir!
Quanto mais não seja, nesta maré de COVID-19.
Há momentos no Parlamento em que as deputações bem merecem de aplausos.
Todas elas.
E uma desses ocasiões, aconteceu neste domingo.
No Dia 5 de Julho, do Bendito Ano de Nossenhor Senhor Jesus Cristo. Deste 2020.
Houve convergências nos discursos das três Representações Políticas com assento na Casa da Democracia Cabo-Verdiana.
Também pudera!
Celebrava-se e revisitava-se os 45 de Cabo Verde como Estado Livre, Soberano e Independente.
Baptizado como “Nosso Dia Maior” e “Momento do Nosso Orgulho”, muito cantado e badalado naquele 5 de Julho de há 45 anos.
Discursos de circunstância ou não, o certo é que foi guardado – não enterrado, de certeza! – o machado-da- guerra neste Celebrativo e Marcante domingo.
Não houve “empurrões”.
Nem o puxar da brasa.
Melhor: de protagonismo e de reivindicar a data como sua.
Como exclusivo. De quaisquer das partes.
Como vinha acontecendo – vezes sem conta! – em ocasiões outras.
Bom sinal.
Marca dos tempos?
De amadurecimento?
Da Democracia Plural?
Que seja duradouro.
Pelos séculos dos séculos…
4- Boa Vista solidária…
COVID-19 fez despertar e tornar prática as acções de solidariedade.
Em todos os cantos deste nosso Cabo Verde no Atlântico Plantado.
O último eco chega-nos da Ilha da Boa Vista.
O Colectivo liderado por Cida Oliveira, dando seguimento à Campanha de Apoio às Famílias Mais Vulneráveis da Boa Vista, nesta luta contra a Pandemia de COVID-19, entregou, recentemente, máscaras de protecção e produtos de higiene pessoal e das casas, a 232 famílias de Cabeça dos Tarrafes, Fundo das Figueiras, João Galego, Estância de Baixo, Bofareira, Povoação Velha e Rabil, tendo sido abrangidas 820 pessoas.
No total, entregaram mil 439 máscaras.
Esta acção – remarca Cida Oliveira – só foi possível com o envolvimento e ajuda dasorganizações da sociedade civil e das várias comunidades da “Ilha das Tamareiras”.
Sem se esquecer, também, da “mãozinha” dos doadores, nacionais e internacionais, que tornaram possível “a materialização desta iniciativa e o renovar” do compromisso com os descamisados de Boa Vista.
Um gesto nobre e altruísta.
Que deve ser seguido e reeditado noutras paragens de Cabo Verde.
Se a moda pega…
5- COVID-19 ofusca outras doenças
Setenta e três países alertam que correm o risco de falta de medicamentos anti-retrovirais, devido à Pandemia de COVID-19.
De acordo com a OMS (Organização Munidal da Saúde), a par disso, 24 países relataram ter um estoque criticamente baixo de anti-retrovirais ou interrupções no fornecimento desses medicamentos que salvam vidas.
Estima-se que, em 2019, 8,3 milhões de pessoas foram beneficiadas com anti-retrovirais nos 24 países que agora sofrem escassez de suprimentos.
Isso representa cerca de um terço (33 por cento) de todas as pessoas que fazem tratamento contra o VIH (Vírus de Imuno-Deficiência Humana), globalmente.
Embora não haja (ainda) cura para o VIH, os anti-retrovirais podem controlar o vírus e impedir a transmissão sexual a outras pessoas.
Fica dado o recado.
E que se tenha sempre presente que há outras doenças…além de COVID-19.