Filomena Oliveira, residente na Ribeira da Barca, Santa Catarina de Santiago, começou a retirar areia na zona do Charco com apenas 16 anos.
Aos 28 anos deixou esse trabalho duro do mar e montou o seu próprio negócio. Agora, com 35 anos, aproveita a vida como mini empresária com “força e muita garra”.
Filó, como é conhecida na sua localidade, decidiu ter o seu próprio negócio porque se sentia muito cansada com o trabalho que tinha desde a adolescência.
“De repente, disse a mim mesma, porquê não sair do Charco e criar uma outra forma de sustento? Com ajuda dos meus familiares, decidi montar uma loja”, diz.
Normalmente, as mulheres da Ribeira da Barca buscam o sustento para a família na venda de peixes ou na apanha de areia. Com a pandemia da covid-19, muitas famílias foram beneficiadas com o programa de inclusão social e com o montante de 10 mil escudos do Governo, mas nem todas tiveram a mesma sorte.
No seu caso, Filomeno Oliveira entende que pessoas na situação deveriam também beneficiar desse tipo de ajuda. “Com esta pandemia, as vendas estão a baixar, muitas famílias não têm dinheiro para fazer o estoque de alimentos; no meu caso, não fui beneficiada com qualquer ajuda, ainda estou a aguardar a minha vez”, desabafa.
Segundo a nossa entrevistada, criar um negócio não é uma tarefa fácil, principalmente num lugar como Ribeira da Barca, mas, apesar das dificuldades, não se arrepende de ter dado esse passo.
“Agora tenho a minha loja, na minha casa, vendo alimentos e outros produtos, posso assim dizer que já me livrei da apanha de areia, um trabalho duro e bem pesado para nós mulheres que buscamos um ganha-pão. Espero que, com a pandemia, o que conquistei não se venha a perder”, conclui.
Alaídes Borges
*Estagiária