Por: Alex Semedo
1- Situação ascendente
A um leigo preocupa sempre que surjam casos novos.
Mesmo que seja só mais um.
E não é.
São mais de cinco dezenas.
Para se ser mais exacto: 54 casos novos de COVID-19.
Num só dia.
Só nesta segunda-feira, 22, o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde e Segurança Social, reparte-os pelos concelhos do Sal, com 22; Santa Cruz, 21; Praia, nove; e dois em Santa Catarina de Santiago, mais concretamente, no Hospital Regional – de Santiago Norte -, de seu nome: “Santa Rita Vieira”.
Nova um pouco “tranquilizante” é que o mesmo Documento assegura que os doentes, com infecção activa, continuam em isolamento institucional, “sem nenhuma alteração, relativamente ao estado clínico”.
Assim sendo, o Arquipélago conta, presentemente, 944 casos acumulados.
Lançando um olhar retrospectivo, há um mês – 22 de Maio -, Cabo Verde reportava 362 casos acumulados de COVID-19.
Nesse dia, o já tradicional Boletim Epidemiológico diário dava conta de seis casos novos, todos na Cidade da Praia.
Na ocasião, o número total de recuperados na Capital de Cabo Verde era de 73 e a nível Nacional 130.
Trinta dias depois, as autoridades sanitárias – e não só! -, reforçam o apelo para que as pessoas fiquem em casa e tomem os devidos cuidados, de modo a se evitar a propagação de COVID-19.
“Nós estamos numa situação em que cada pessoa possa evitar a propagação, cumprindo as regras mínimas como lavar as mãos frequentemente, e, sobretudo, o distanciamento físico”, lembra o Presidente da Republica, Jorge Carlos Fonseca, remarcando que, por ora, essas práticas são “os principais trunfos” de combate ao novo Coronavírus.
O primeiro caso do novo Coronavírus, em Cabo Verde, foi notificado a 19 de Março, na Ilha da Boa Vista.
De lá para cá, já se registaram – um total! – oito mortes.
2- Jogar na antecipação
Para se evitar derrapagens…
A estratégia deve ser a antecipação e o encontro de resposta, em tempo oportuno, para levar de vencida o novo Coronavírus e, jamais, jogar na retranca, para, depois, fazer a sua perseguição.
Pelo menos, é o que defendem várias vozes entendidas – em linguagem chã! -, apontando como exemplos práticos, diversas situações do quotidiano da vivência humana.
Incluindo a cabo-verdiana.
Que não se pode descurar, já que o Mundo virou, de há muito, uma Aldeia Global.
Cá vai um…
“Se deixarmos o ladrão levar os nossos pertences, para, depois, persegui-lo, estamos tramados”, sustentam, defendendo “pró-actividade” e, também, “urgente investimento e aposta” na “desconstrução” e “desmontagem do discurso muito politizado”, para um outro que “seja tragável, absorvível e entendível” pelo receptor.
Se se quer “derrotar”, em tempo oportuno, COVID-19.
Fica o recado.
3- Dúvida Presidencial
Jorge Carlos Fonseca dá o benefício de dúvida a Ulisses Correia e Silva, em vez de proferir sentença, no dossiê de dispensa de quarentena e testes rápidos.
Pelo menos, por ora.
Comentando a anunciada decisão do Palácio da Várzea em dispensar testes e quarentena com a retoma de vôos – dentro e fora de portas -, o Presidente da República – PR – acredita que as decisões são tomadas “com sentido de responsabilidade”, admitindo, todavia, que podem suscitar discordâncias, até porque, está-se num País Democrático.
“Eu, como Presidente da República e como cidadão, parto do princípio de que quando o Governo do meu País toma uma decisão dessa natureza, presumo que mede as consequências e avalia. Portanto, temos que ter confiança”, manifestou o PR, sábado, à margem de uma ronda que fez a trêsTendas de Testes Rápidos, na Achada de Santo António – na Cidade da Praia -, evento no qual foi acompanhado pelos ministros da Saúde e da Administração Interna, respectivamente, Arlindo do Rosário e Paulo Rocha.
Fonseca entende, também, que nestes tempos de COVID-19, houve e há pronunciamentos e posições “flutuantes” e “flexíveis” – para não se dizer polémicas, acrescentamos nós!.
Mais: lembrou, ainda, as “idas e vindas” das autoridades mundiais, sem, contudo, nunca se referir, expressamente, à OMS – Organização Mundial da Saúde -, em torno do uso – ou não! – das máscaras e viseiras, a par dos supostos medicamentos “milagrosos” para “quebrar” o novo Coronavírus.
Tomara que seja simplesmente “dúvida” e…penda para o lado de Fonseca.
Enquanto cidadão e PR.
Para o bem de Cabo Verde.
4- Incongruência ?
Dois pesos e duas medidas?
Incongruências e/ou exemplos contraditórios…para os governados.
Semana passada – já perto do fim! -, o edil capitalino estava “preocupado” com a postura dos praienses – que dirige! -, em maré de desconfinamento.
Óscar Santos listou mesmo os supostos incumprimentos dos munícipes às directivas e recomendações das autoridades sanitárias.
Nesse dia estava muito “preocupado” e entendia que o descumprimento podia descambar para “uma transmissão mais massiva” na Cidade-Capital deste Arquipélago plantado no Meio do Atlântico.
Mas, como para muita boa-gente, o que interessa mesmo, é “faça o que eu digo, e não faça o que faço”, antes que o diabo esfregasse o olho, Santos – de seu nome! – pisava o risco, ante dezenas de seguidores.
Publicamente – há quem entenda que “é um crime público” neste Mês de Criança! -, na inauguração de uma Rua Pedonal em Achada Grande Trás, que aconteceu no sábado, 20 – portanto, dois dias depois da manifestação da sua “preocupação”! -, eis que promove, atrai e alimenta “aglomerações”, “ajuntamentos” e “concentrações” de viventes desprevenidos.
É isso mesmo: cadê as máscaras?
As reacções não se fizeram esperar…nas redes sociais e em roda de amigos.
Com cada qual a fazer a sua leitura, adjectivação e…
Até porque, as imagens metem dó…
Na verdade, como dizia alguém, aí há um par de anos – talvez, até com uma carrada de razão! -, as crianças que deviam estar “a correr o arco” e/ou “a brincar de bonecas”, lá estavam a fazer de MC’s e “guias” à “ilustre” delegação.
Que até tinha como “Madrinha” – adivinhem!!! -, a Primeira-Dama de Cabo Verde.
Ante comportamentos semelhantes, com que moral dar puxões de orelhas aos jovens?
Ahnnn!!!
É dizer-lhes: “Faça o que eu te digo, e não faça o que eu faço!”.
6- Fronteiras abertas
Dezenas de organizações, incluindo a Amnistia Internacional e a Oxfam, pedem aos governos da África Oriental que reabram as fronteiras aos requerentes de asilo, alegando que o fecho, devido à COVID-19, “viola o Direito Internacional dos Refugiados”.
As organizações apelam, também, aos países da Região para que implementem “medidas que permitam gerir a atual emergência sanitária e, simultaneamente, que os requerentes de asilo possam procurar protecção”.
O Corno de África e a África Central e Oriental acolhem, actualmente, perto de 4,6 milhões de refugiados e requerentes de asilo numa Região com uma “longa História” de acolhimento e de garantia da sua protecção.
Antes da Pandemia, os países recebiam, continuamente, pessoas que procuravam segurança e protecção contra a violência e os conflitos, a perseguição política ou outras ameaças.
Tomara que o Apelo seja ouvido.