Os produtores de manga na ilha do Fogo se vêm, neste momento, sem saída para o excesso de produção, agravada pelos ventos fortes que se fizeram sentir nos últimos dias e que deitaram ao chão grande parte da produção.
Em contrapartida, a ilha é dotada de um Centro de Transformação e Conserva de Produtos, em Monte Barro, que, segundo Maria Antónia Garcia, está construído e equipado desde 2014.
Estes não entendem, portanto, o motivo da não abertura desta infraestrutura que poderia resolver o problema e evitar o desperdício de produtos.
“Precisamos urgentemente do Centro de Transformação de Monte Barro aberto para transformar e conservar o excesso de produção de mangas, feijões e outros produtos”, alertou esta moradora do concelho de São Filipe, que denunciou a situação na sua página do Facebook.
Nas bermas das estradas de toda a zona norte baixo, de São Filipe a Mosteiros, diz uma internauta, o cenário é o mesmo.
“Uma triste realidade, visto que, na ilha do Sal uma manga custa 60 escudos. Com todo este excesso no Fogo não estão a ser criadas as condições para enviar o produto para as outras ilhas, principalmente neste momento económico por que passa o país”, atirou outro leitor, reagindo ao post.
Grande parte das mangas caíram ao chão em consequência do vento, o que agravou ainda mais a situação.
“Para além de produzirmos pouco, ainda somos incapazes de aproveitar e valorizar a nossa produção. Segundo alguns agricultores, o excesso de produção por vezes traz mais prejuízos do que a não produção”, defendeu o jovem Andy Ramos.
Este questiona ainda em que tipo de produtos podem ser transformados estas mangas, lançando um desafio aos jovens empreendedores.
“Nós não precisamos de projectos para descobrir o petróleo. Precisamos de projectos reais que, de facto, aproveitam as nossas potencialidades e que sejam mais do que ideias”, lançou.
Lúcia Cardoso, que trabalha na produção de cosméticos através de produtos naturais, também deixa algumas sugestões: secar, fazer pickles, chutney, compota, licores, congelar polpa para sumos, fazer sabonetes, entre outros.
Tudo isso, conclui, mostra a nossa fragilidade de transformação e a necessidade de se pensar e elevar adiante projectos coerentes e resistentes às guinadas políticas.
NA