Centenas de jovens da ilha de Santo Antão que trabalhavam nas ilhas turísticas, principalmente no Sal, estão a regressar à ilha natal após a pandemia ditar uma onda de desemprego no sector. Alguns encontram-se em regime de layoff, mas as incertezas são imensas.
Kennedy Dias ilustra este cenário. Regressou a Santo Antão após perder o emprego na restauração. Sem solução à vista na ilha do Sal, a alternativa foi regressar a casa.
“Sem trabalho não dá para viver na ilha do Sal. Estava há quase três meses nessa situação e as despesas só aumentavam. A solução é sempre voltar a casa. Aqui pelo menos consigo levar a vida aos poucos”, diz.
No momento, este ex- trabalhador diz estar numa luta desenfreada à procura de emprego, mas sabe que com a situação atual as chances de voltar ao mercado de trabalho são mínimas.
Mas não fica de mão atadas. Usa as redes sociais para promover o marketing pessoal e divulgar a procura de trabalho.
Até que a situação normalize e que consiga um emprego em Santo Antão, Kennedy faz sorvetes para vender como uma alternativa para sobreviver em tempos difíceis.
Um pouco mais tranquilo está Elton Amador, trabalhador na área da hotelaria na ilha do Sal, que se encontra em regime de layoff. Ganha 70% do salário, mas mesmo assim teve de regressar a Santo Antão, junto com mais dez integrantes da família que também se encontravam na ilha do Sal a trabalho.
O jovem não pretende ficar em Santo Antão por muito tempo. Como diz, está à espera que a situação melhore para que retorne ao Sal, justificando que as oportunidades estão lá. No entanto, as incertezas sobre o futuro fazem-se presentes.
Não há números oficiais da quantidade de jovens de regresso a ilha das montanhas, contudo a chegada em massa de vários trabalhadores da ilha do Sal a Santo Antão nas últimas semanas comprova o cenário, antevendo o aumento do desemprego nos próximos tempos.
Conforme o A NAÇÃO já avançou em notícias anteriores, estima-se que há, no momento, cerca de 12 mil trabalhadores turísticos afetados no país, sendo a maioria no Sal e na Boa Vista, conforme fez saber o secretário da Câmara do Turismo Humberto Lélis.
No país, de forma geral, 13.300 contratos de 661 empresas foram suspensos devido ao impacto da covid-19 na economia.
Ricénio Lima
*Estagiário