O Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas. Abraão Vicente, garantiu que “não há estátuas e serem removidas em Cabo Verde” e defendeu que o país precisa conhecer a sua história de forma profunda.
Abraão Vicente reagia à Petição Pública lançada nas redes sociais pelo cabo-verdiano Gilson Varela Lopes, que sugere a remoção de vários monumentos considerados esclavagistas, em homenagem a “exploradores coloniais” em Cabo Verde.
Para o MCIC, a base da petição contém um erro, que mostra desconhecimento da história de Cabo Verde.
“O descobridor a quem ele atribui a descoberta de Cabo Verde, está provado que não descobriu, porque falseou a descrição das ilhas de Cabo Verde. Quem descobriu foi Diogo Gomes, é a parte fixada daquilo que é a narrativa da história de Cabo Verde”, defendeu o ministro.
Abraão Vicente entende, entretanto, que é preciso erguer monumentos aos momentos da nossa história que estão silenciosos, como a revolta do Monte Agarro ou a revolta do Pelotão dos Açores.
“Temos que construir, erguer e dar visibilidade à nossa história de uma maneira que ainda não teve.”
Conveniente
Na sequência deste manifesto, Gilson Lopes desvaloriza a posição do ministro e questiona porque ele não se pronunciou sobre o facto de Diogo Gomes ter sido um “traficante de escravos”.
“O MC assinala como erro histórico a base da petição e afirma ter sido Diogo Gomes o descobridor de Cabo Verde, facto esse que deve ser clarificado, criando uma comissão de historiadores especializados para este efeito. Esta sim é competência do Ministério da Cultura”, defendeu.
Para Gilson Lopes, afirmar que o movimento é moda é extremamente grave, vindo de um titular de cargo político negro, de um país africano.
“A escravatura também foi uma “moda” que culminou no maior genocídio da História, com a morte de mais de 8 milhões de homens, mulheres e crianças africanas”, recordou.
O jovem diz ainda que o MCIC “aproveitou o palanque para se autopromover”, ao reconhecer, tardiamente, que necessitamos de monumentos da nossa História.
“Mas omite propositadamente dos cabo-verdianos, o projecto de instalação de uma estátua do Padre António Vieira em Cabo Verde (que atribuía o comércio de escravos a um milagre de Nossa Senhora do Rosário) que já mereceu a concordância expressa das autoridades cabo-verdianas e que só não avançou ainda por questões financeiras”, atira Gilson Lopes.
Para terminar, defende que os pais e encarregados de educação devem explicar aos seus filhos quem eram essas figuras, “de verdade”, e ignorar os livros de história.
No mundo inteiro, está a crescer um movimento para derrubar estátuas cujas figuras estão associadas ao esclavagismo. Inclusive nos Estados Unidos da América, Inglaterra e Bruxelas há estátuas que já foram derrubadas.