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Covid-19

Polémica vídeos dos infectados: “O mais fácil é julgar…” – psicólogo

O Psicólogo e coordenador da Rede de Psicólogos Voluntários de Cabo Verde, Jacob Vicente, defendeu que os pacientes assintomáticos ainda estão na fase de negação e que os seus comportamentos se devem à pressão psicológica adveniente do isolamento e a fase difícil pela qual estão a passar.

Jacob Vicente, que falava no jornal da noite da Televisão de Cabo Verde, na sequência da divulgação de dois vídeos gravados em espaços de isolamento, na Cidade da Praia, explicou que cada pessoa reage de forma diferente perante uma perda pessoal, neste caso a liberdade, e que o serviço deve ser humanizado, com acompanhamento de profissionais da saúde mental e psicológica.

 “As pessoas estão em situação de confinamento obrigatório, é uma situação particular, estão fora do seu habitat, sob stress e numa fase de negação”, esclareceu, falando particularmente do primeiro vídeo divulgado, em que os pacientes aparecem em momentos de descontração.

O comportamento destas pessoas, explica, vai evoluir conforme compreenderem a situação em que se encontram e entrarem na fase de aceitação.

“O estado de confinamento é muito difícil, sobretudo no início do processo. Quando perdemos algo muito importante para nós, como a nossa liberdade, entramos numa fase de luto, que varia de pessoa para pessoa. Uns cantam, outros choram, outros ficam com raiva ou revoltados”, esclareceu.

Neste sentido, defende, é preciso ver as motivações que estão por trás deste comportamento. “A nível social, o mais fácil é julgar, mas a forma como alguém reage perante determinada situação, tem sempre uma explicação psicológica”, garante o psicólogo.

Quanto à cobrança do público, e até mesmo do director nacional da polícia, que exige um comportamento exemplar de agentes da polícia nacional também infectados e que, inclusive, apareceram no primeiro vídeo, Jacob Vicente diz que “quem está lá não são agentes da polícia, mas sim cidadãos, pacientes com debilidades psicológicas e emocionais”, como qualquer outro doente.

No que diz respeito ao segundo vídeo, gravado pelo jovem Rodney Fernandes, Jacob Vicente defende que há uma necessidade de humanização no serviço de saúde e na forma que se está a fazer o atendimento aos infectados.

“Isto é fundamental neste momento, porque todos estão sob uma pressão psicológica muito grande. É necessário o acompanhamento de assistentes sociais e psicólogos, não 24h por dia, mas disponíveis para atender nos momentos e picos de stress e ajudar a atingir a fase de aceitação”, enaltece.

Jacob Vicente admite, no entanto, que os vídeos possam passar uma ideia errada do coronavírus e fazer com que as pessoas baixem a guarda aqui fora. Neste sentido defende uma comunicação mais assertiva e prática, principalmente junto das comunidades, com as devidas adaptações.

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