A Hidroxicloroquina, uma molécula utilizada contra a Malária (também conhecida por Paludismo) e amplamente citada pelo seu potencial poder de cura da COVID-19, não se mostrou eficaz num Estudo realizado com 368 veteranos norte-americanos que contraíram a doença. Eles foram tratados na rede de hospitais para ex-combatentes de guerra nos Estados Unidos da América (EUA). Um grupo que tomou a substância pura apresentou taxa de mortalidade elevada em comparação com outros pacientes.
Uma avaliação preliminar do Estudo americano foi publicada no sítio do “New England Journal of Medicine”, mas ainda não foi revista por pesquisadores que integram o Comité Científico da publicação.
A Pesquisa – avança a RFI – enfrentou várias limitações importantes, mas amplia um conjunto crescente de dúvidas sobre a eficácia da Hidroxicloroquina, que tem o presidente Donald Trump, o canal de TV Fox News e o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, entre seus principais patrocinadores.
Os cientistas analisaram os registos médicos de 368 veteranos hospitalizados nos EUA, que morreram em decorrência do novo Coronavírus ou receberam alta até 11 de Abril. Os pacientes foram divididos em três grupos, em função do tratamento que receberam. As taxas de mortalidade no grupo que tomou apenas a Hidroxicloroquina foi de 28 por cento (%), em comparação aos 22% tratados com a droga combinada com o anti-biótico Azitromicina – a terapia recomendada pelo professor de Microbiologia francês, Didier Raoult.
A taxa de mortalidade para aqueles que receberam apenas um atendimento-padrão foi de 11%.
Em 9 de Abril, o professor Raoult, que dirige um Centro de Pesquisas em Marselha (no Sul da França), publicou parte dos resultados de um Estudo feito com mil e 61 pacientes da COVID-19. O especialista francês afirma que 91% dos doentes que tomaram o coquetel com as duas drogas (Hidroxicloroquina e Azitromicina) se curaram em cerca de dez dias.
No entanto, vários cientistas apontaram pontos obscuros na Pesquisa, como os critérios utilizados por Raoult para seleccionar os casos da amostra.
Na avaliação realizada na rede de hospitais para veteranos americanos, a elevada taxa de mortalidade dos doentes que tomaram a Hidroxicloroquina pura pode ser explicada por factores agravantes. Era o grupo que apresentava piores condições de saúde: eram fumantes, pessoas com diabetes ou outros antecedentes cardio-vasculares e pulmonares. Os autores do Estudo corrigiram estatisticamente esse desequilíbrio inicial, mas descobriram que o aumento da mortalidade persistia mesmo após o ajuste estatístico das taxas de uso.
Pesquisas anteriores constataram que o remédio oferece riscos para pacientes com certos problemas de arritmia cardíaca e pode causar desmaios, convulses, ou, às vezes, paragem cardíaca. Por isso, a comunidade científica recomenda cautela na prescrição da Hidroxicloroquina de forma generalizada.
Na Europa, a Suécia suspendeu o uso da substância em seus hospitais, depois de notar um aumento dos efeitos colaterais nos doentes da COVID-19.
A França também relata intoxicações restringe o uso da droga para pacientes hospitalizados, após uma avaliação do histórico de saúde do doente. Os europeus iniciaram uma ampla pesquisa com a Hidroxicloroquina, num Estudo chamado “Discovery”, mas os resultados ainda não foram publicados.
Os EUA têm pressa em descobrir meios de combater a COVID-19. O País tornou-se o Epicentro Global da Pandemia de Coronavírus, com mais de 44 mil e 800 mortos e mais de 820 mil infectados.
