O Relatório Global sobre Crises de Alimentação alerta que, em 2019, 135 milhões de pessoas estavam em situação de insegurança alimentar aguda. Se nada for feito p/ combater problema, esse número pode chegar a 265 milhões até ao fim de 2020.
Caso nada for feito – avança o sítio pt.euronews.com, citando o Relatório em tela -, o número de pessoas em risco de insegurança alimentar aguda no Mundo pode mesmo quase duplicar este ano e chegar aos 265 milhões de vítimas, face aos 135 milhões de 2019.
O Estudo destaca uma lista de 35 países numa situação mais perigosa, onde inclui os casos de Angola e Moçambique, já nas fases mais graves da escala de cinco: mínima, estresse, crise, emergência e, a pior de todas: fome.
“A situação mais preocupante é Moçambique. Com uma população de 27,9 milhões, 1,7 milhões de pessoas estavam nas últimas três fases de insegurança alimentar; cerca de 1,4 milhões, em situação de crise; e 265 mil, em emergência”, lê-se no relatório publicado pelo Programa Alimentar Mundial (PAM), da ONU (Organização das Nações Unidas).
No caso moçambicano, detalha-se, ainda, que “mais de 67 mil crianças com menos de cinco anos sofriam de desnutrição grave e 42,6% tinha problemas de crescimento”, num país onde dois ciclones , o “Idai” e o “Kenneth”, destruíram no ano passado diversas plantações e contribuíram para o aumento do preço dos alimentos, agravando uma crise alimentar já em curso.
Em Angola, “a insegurança alimentar aumentou devido à seca nas províncias do Sul e o afluxo de refugiados da República Democrática do Congo”.
“No País de 31,8 milhões (de habitantes), mais de 562 mil (pessoas) foram afetadas. Cerca de 272 mil viviam em situação de crise e 290 mil em emergência. Mais de 8% das crianças com menos de cinco anos sofriam de desnutrição grave e perto de 30 por cento tinha problemas de crescimento”, destaca o relatório sobre Angola, apontando que “a melhoria das condições de seca” deveria “ajudar as pastagens e aumentar as perspectivas de produção agrícolas” angolanas.
Na América do Sul, a Venezuela ressalta como o caso mais grave, representando 9,3 milhões das pessoas já em fase de crise ou pior, o que representa metade das pessoas nessas fases em toda a América Latina e Caraíbas, regiões também muito atingidas pelo impacto das alterações climáticas, respetivamente seca e furacões.
Mas, agora, com a Pandemia Global de COVID-19, a situação pode alterar-se para muito pior.
O director-executivo do PAM prevê “que os confinamentos e a recessão económica” derivados da pandemia “provoquem perda de rendimento ente os trabalhadores mais pobres”, além de cortar as correntes de abastecimento entre os principais países produtores, como a França ou a China, e os mais necessitados.
Mesmo antes da Pandemia, partes da África Oriental, onde se inclui Moçambique, e da Ásia Meridional, como a Índia, o Paquistão ou o Nepal, já sofriam de seca e, mais recentemente, também com a pior praga de gafanhotos em décadas.
O PAM pede sensatez internacional. As zonas em conflito devem permitir acesso humanitário e corredores de abastecimento para ajudar as pessoas em risco de fome.