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Covid-19

Covid-19 : Parou tudo em Assomada no primeiro dia do Estado de Emergência

O Nação deixa-lhe aqui uma crónica assinada pelo jornalista Silvino Monteiro, que traz um olhar sobre o primeiro dia do Estado de Emergência na cidade de Assomada.

Por Silvino Monteiro

As ruas da cidade da Assomada, no concelho de Santa Catarina, (interior de Santiago), amanheceram desertas neste domingo 29 de Março.
Pese embora o Governo ainda não tenha divulgado publicamente as novas restrições específicas do Estado de Emergência decretado pelo Presidente da República Jorge Carlos Fonseca, as pessoas mantiveram aquilo que já vinha sendo mais ao menos o cenário dos dias anteriores, ou seja, evitar sair à rua e circular.
O cenário à porta da igreja paroquial de Nossa Senhora de Fátima contrastava com aquilo que costumava ser até agora um típico domingo na Assomada, para a missa dominical celebrada às 8 horas, sempre.  Embora a porta da igreja estivesse hoje aberta, não se via ninguém. O frenesim da chegada de pessoas para a missa deu lugar ao silêncio e ao vazio na rua. As missas, recorde-se, foram suspensas, há já alguns dias pelo Governo.
Desde as primeiras horas, deste primeiro dia do Estado de Emergência, tudo estava parado nas ruas da cidade e o cenário foi-se mantendo mais ou menos ao longo do dia. As pessoas não estão a circular nem a pé e nem de carro. Os bares e os estabelecimentos comerciais também estiveram fechados. Uma das cidades mais movimentadas do país, parecia agora saída de um filme antigo de uma cidade outro habitada.
A praça central da Assomada (Largo Gustavo Monteiro) esteve também praticamente vazia. E já não se regista afluência das pessoas que vão ficar a conversar na praça ou de jovens a acederem à internet grátis na praça.
Da cidade para o campo, o cenário é diferente. No meio rural as pessoas têm de manter certos hábitos ligados à agricultura e pecuária, como continuar a tratar dos animais, que têm de ser alimentados. Muitos camponeses aproveitaram o domingo para recolher pasto, porque apesar da COVID-19, a vida aqui não pode parar e os animais não podem ficar 20 dias sem serem alimentados. O ritmo é diferente entre a cidade e o campo. E nota-se em relação ao COVID-19.
Já depois de ter rabiscado as minhas linhas, após um périplo pela cidade, tive a oportunidade de falar com o Comandante da Esquadra de Polícia Nacional (PN) em Santa Catarina, Danielson Baessa.
O seu testemunho veio reforçar a ideia com que fiquei durante o meu trabalho no terreno. Esse comandante garantiu-me que o cumprimento do primeiro dia do Estado de Emergência no concelho estava a decorrer dentro da normalidade, graças à colaboração da população.

Baessa avança que neste primeiro dia a PN apostou na sensibilização das pessoas tendo em conta que a lei entrou em vigor a meia-noite e muitas pessoas podia não ter conhecimento da sua abrangência e tendo e conta que é uma situação nova. “Sendo hoje primeiro dia mandamos pessoal em vários povoados do concelho de Santa Catarina, nomeadamente centro da cidade da Assomada e arredores, vilas de Rincão, Ribeira da Barca, Achada Lém para fazer sensibilização, mas sem descorar a possibilidade de actuar de forma coerciva caso seja necessária”.

Pelos relatórios que recebeu durante o dia as pessoas estão a acatar as medidas.

“As pessoas que encontramos a circular na rua são aquelas que saíram dentro daquela situação que a lei lhes permite. Todos os que foram abordados apresentaram justificação. Portanto, neste primeiro dia não deparamos com nenhuma situação grave. E se as pessoas continuarem a agir assim acreditamos que até o fim do tempo do Estado de Emergência não teremos muitos problemas”.

Baessa assegura que, neste primeiro dia, para a mobilidade, utilizaram apenas os meios da Polícia Nacional, mas não descarta a possibilidade de vir a utilizar meios de outras instituições parceiras, nomeadamente Delegacia da Saúde, Bombeiros e Polícia Judiciária. “Estamos a trabalhar em conjunto e partilhamos as informações e meios que pensamos que vai nos dar mais e melhores respostas”, realçou.

Eu também assim espero. Que todos trabalhemos em conjunto, em compreensão mútua, actuando sempre na prevenção e não na repressão. Para qualquer cidadão cabo-verdiano, em qualquer parte do país, Assomada, ou não, não será fácil ser privado de direitos tão básicos, como circular na rua livremente, sem ter receio de ser abordado. Os próximos 19 dias o dirão.

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