PUB

Sociedade

Pracinha dos Namorados em São Vicente: “Andará a Câmara Municipal a enganar o povo?”

Em São Vicente, munícipes e movimentos civis estão indignados e questionam se a Câmara
Municipal não anda a enganar o povo, com uma gestão da coisa pública “pouco transparente” e a
seu “bel-prazer”. Em causa está a mudança repentina no projecto que visava a preservação da Praça dos Namorados,
também conhecida por Praça “Doutora” Maria Francisca, no Mindelo, agora convertida na
construção de um hotel.

Em 2017, o presidente da Câmara Municipal de São Vicente, Augusto Neves, anunciava
que a Praça Dra. Maria Francisca seria preservada e requalificada. Mas, depois, em 2018, o edil
autorizou a construção de um centro comercial e a consequente demolição da histórica
praça, uma homenagem à primeira médica cabo-verdiana, Maria Francisca Sousa.

O projecto inicialmente dava a garantia de que o espaço onde antes existia a praça seria
convertido numa esplanada. O próprio empresário e promotor da infraestrutura garantiu ainda
que a intensão “não era construir um edifício clássico, com vários pisos de concreto”.

Nesta altura, um grupo de cidadãos, entre eles o SOKOLS 2017 e o Movimento para o
Desenvolvimento de São Vicente (MDSV), insurgiram-se contra o que denominaram de
“destruição do património arquitetónico” da ilha.

Os vários manifestos revelaram-se, entretanto, insuficientes e o projecto, submetido à
consulta pública e aprovado pela Assembleia Municipal, parecia avançar na normalidade.

Processo nebuloso

Mas, para a surpresa de muitos, no dia 22 de Janeiro de 2020, durante as comemorações do dia do
município, Augusto Neves anunciava, que afinal o edifício daria lugar ao Hotel Cruzeiros,
de três pisos e 70 quartos, exactamente o que antes fora refutado pelo promotor.

“Senti-me indignado com esta revelação e completamente enganado”, reagiu, na altura, o
líder do PAICV em São Vicente, Alcides Graça, para quem, o que estava em causa não era o
projecto, em si, mas sim o “comportamento, eticamente reprovável” a que São Vicente
assistia.

Tanto o SOKOLS como o Movimento para o Desenvolvimento de São Vicente (MDSV)
vêm batendo na mesma tecla desde o anúncio da obra do centro comercial e pediram, sem sucesso, a intervenção do Instituto do Património Cultural (IPC) e, depois, do Ministério Público.

“Nesse projecto, torna-se evidente que as normas constitucionais e legais que orientam as
políticas de gestão e do desenvolvimento do município foram ostensivamente violadas”,
considera o porta-voz do MDSV, Maurino Delgado.

Mesmo assim, e depois de várias denuncias às autoridades competentes, como o IPC,
revindicações do género não tem surtido qualquer efeito, diz o porta-voz do SOKOLS
2017, Salvador Mascarenhas.

Neste estado de coisas, este activista questiona a quem o cidadão deve recorrer para travar os
desmandos da autarquia.

NA

Confira mais sobre a situação da Praçinha dos Namorados em São Vicente na edição impressa nº653 do Jornal A NAÇÃO.

PUB

PUB

PUB

To Top