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Economia

Em parceria com a “Projectando Qualidade”: Olaria de Fonte Lima em linha moderna

A empresa “Projectando Qualidade” decidiu apostar na valorização da cerâmica de Fonte Lima no Município de Santa Catarina (interior de Santiago), através da criação de uma linha de objectos decorativos feitos à base de barro. Sónia Gonçalves, a responsável da empresa, revela que a ideia visa salvaguardar e valorizar a parte histórica da cerâmica feita naquela localidade. 
A “Projectando Qualidade”, Empresa que faz revestimento e decoração de interiores com painéis de gesso 3D e também actua na produção e comercialização de vasos decorativos, quer agora apostar na produção de uma linha de objectos decorativos feitos à base de barro. Para isso, criou uma parceria com as oleiras de Fonte Lima, no Concelho de Santa Catarina (no interior de Santiago). 
“O barro tem um valor etnográfico fortemente ligado ao uso cultural, pelo simbolismo que carrega através das peças produzidas, que expressam as tradições, os saberes, o quotidiano do povo cabo-verdiano”, diz Sónia Gonçalves ao A NAÇÃO.
Como é sabido, a olaria de Fonte Lima conserva as técnicas seculares na sua produção, constituindo um caso único em Cabo Verde. Actualmente, com as novas tendências, as oleiras, segundo a nossa entrevistada, queixam-se da falta de adesão dos jovens a este sector de actividade. “Isso é preocupante, tendo em conta o legado que se quer deixar através das gerações”, alerta. 
A jovem empreendedora explica que o fraco engajamento dos jovens deve-se à falta de investimentos na melhoria da produção e condições de trabalho. “Há necessidade de estimular a criação, a modernização e o desenvolvimento das unidades artesanais, com vista a melhorar a qualidade, a originalidade, a rentabilidade dos produtos artesanais”.
Valorização das peças 
Neste sentido, garante a entrevistada do A NAÇÃO, a “Projectando Qualidade”, juntamente com as oleiras, irá trabalhar as peças na procura de uma harmonia entre a tradição e a inovação, sem porém perder os valores legados, o que torna as peças autênticas e únicas. “A memória colectiva de Cabo Verde é um expressivo testemunho do viver da sua gente, portanto, numa nova visão sobre a olaria, pode ser vista como um sector da economia, criação de emprego, empreendedorismo, com vista ao desenvolvimento integrado”. 
Por isso, Sónia Gonçalves defende que é crucial a conjugação das práticas tradicionais com novas formas de apresentação, divulgação, comercialização, sem perder de vista o peso da tradição. “É nesta linha de raciocínio, que a ‘Projectando Qualidade’ faz essa parceria com as oleiras de Fonte Lima. Vamos tentar trazer jovens locais para esse Projecto e, posteriormente, organizaremos uma Exposição para apresentar o resultado dessa parceria”, anuncia Gonçalves.
A jovem empresária avança, ainda, que a ideia é comprar as peças tradicionais produzidas pelas mulheres e encomendar algumas personalizadas, desenhadas pela empresa ou clientes. “As peças podem ser vernizadas, pintadas ou revestidas consoante o estilo de decoração que o cliente pretende”, adianta ao A NAÇÃO.
Oleiras optimistas
A representante das oleiras de Fonte Lima, Ana Lina Monteiro, confessa que ela e as suas colegas aguardam, “com grande expectativa”, o resultado da parceria com a “Projectando Qualidade”. “Neste momento, somos seis mulheres que trabalham com barro em Fonte Lima. Fazemos vários tipos de objectos de barro, nomeadamente: potes, bindes, vasos e outras peças decorativas”, aponta Ana Monteiro. 
Ana Lina garante que o negócio, nesta Época das Cinzas (cujo ponto alto é a 26 de Fevereiro), “está a decorrer bem”, mas que, passando este período, o fluxo de venda abaixa. “Havia muito mais mulheres a trabalhar Cerâmica em Fonte Lima, mas, devido à fraca saída dos produtos, muitas acabaram por desistir e dedicar-se a outras actividades. Nós ainda não desistimos porque estamos a conseguir um pão de cada dia”,  garante. 
Ana Lina acredita que a parceria com a “Projectando Qualidade” irá impulsionar o negócio da Olaria em Fonte Lima. “Actualmente, os nossos produtos são vendidos no Mercado da Assomada e no Sucupira, na Cidade da Praia, por mulheres que compram para revender. Mas o interesse da Projectado Qualidade em nossos produtos para vender juntos dos hotéis e particulares é um bom sinal e um incentivo para nós e para os mais jovens. Por isso, aceitamos o convite com bom agrado, e esperamos que isso venha a dar bons frutos, a partir do mês de Março”, conclui Ana Lina Monteiro.  
SM
(Publicado no A NAÇÃO impresso, nº 651, de 20 de Fevereiro de 2020)

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