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Cultura

Carnaval da Praia: Vindos d’África promete conservar o título

Com olhos postos na sexta vitória, o grupo Vindos d’África diz-se “praticamente preparado” para o Carnaval 2020. No entanto, este ano a concorrência é maior, já que a capital do país vai contar com sete grupos oficiais. 
A uma semana do Carnaval, A NAÇÃO seguiu o som das batucadas para saber dos últimos preparativos para a saída às ruas, no próximo dia 25. 
Com cinco vitórias consecutivas nos últimos cinco anos e 16 em mais de 40 anos de Carnaval, encontramos, no Bairro Craveiro Lopes, o Vindos d’África na sua habitual azáfama neste período do campeonato. 
José “Bréu” Gomes, presidente do grupo, mostra-se confiante, dizendo que a meta é arrebatar mais uma vitória. 
“A ideia é sempre ganhar. Por isso é que damos sempre o máximo de nós para um Carnaval de qualidade. Este ano, a concorrência é maior, mas isso não nos intimida”, avisa.
 “Da Criação ao Caos” é o tema desde grupo para o Carnaval 2020, que promete “causar impacto”, a acreditar no seu responsável. 
“Queremos mostrar o Mundo, da sua existência até os dias de hoje em que, segundo os últimos acontecimentos a nível mundial, estamos a caminho do apocalipse. Com isso queremos que todos prestem atenção nas suas acções”, explica o nosso entrevistado. 
E continua: “Dentro do tema ‘Da Criação ao Caos’, teremos uma ala só com criança para mostrar que ainda há esperança num mundo melhor”.
O tema será representado por mais de 400 figurantes divididos em diferentes blocos, formados por várias alas. Porém, este ano, o Vindos d´África vai ter apenas um carro alegórico. 
“Podemos levar 10 andores e ter menos impacto do que se tivéssemos cinco. Sendo assim, desta vez estamos a focar na qualidade dos nossos andores e, como sempre, vamos ter para além de andores, réplicas para embelezar o nosso Carnaval”.
Câmara Municipal disponibiliza 8 mil contos 
Como é habitual, a Câmara Municipal da Praia “incentiva” financeiramente os grupos oficiais. Este ano, optou-se por uma política diferente, sendo que o dinheiro disponibilizado será de acordo com as pontuações do Carnaval 2019. 
Com uma pontuação superior a 70 por cento, os grupos Vindos d’África, Maravilhas do Infinito e Samba Jó tiveram 800 contos. Vindos do Mar e Bloco Abel Djassi, 600 contos (pontuação abaixo de 70%); Estela da Marinha e Deusa do Amor vão receber 400 contos (pontuação abaixo de 50 %). 
Bréu disse que já receberam da Câmara Municipal da Praia a primeira parcela e que estão à espera da segunda para “acertos finais”. 
“Já apresentamos as justificativas dos gastos da primeira parcela para podermos receber a segunda, mas, enquanto esta não chega, vamos trabalhando para não atrasar”. 
MCIC apoia cada grupo com 200 mil escudos 
Quem também resolveu apoiar “um pouco mais” os grupos da capital foi o Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas (MCIC). Este ano, os grupos receberam 200 mil escudos cada. 
Questionado sobre o apoio do MCIC que em Santiago foi menor do que noutras ilhas Bréu diz que é justificável uma vez que “quando se quer mais tem que se fazer por merecer”. 
“Creio que o MCIC tem a sua política e nós respeitamos isso. Se queremos receber a mesma quantia que São Vicente e São Nicolau, temos que trabalhar para isso e é o que estamos a fazer”. 
Tendo em conta que este ano a cidade da Praia conta com sete grupos oficiais, Bréu acha que “ter mais que cinco grupos na Praia é um exagero”. Defende, em vez disso, que “as pessoas deveriam ser mais humildes e juntar-se aos grupos consistentes” e não organizarem-se de forma circunstancial, apenas nas épocas do Carnaval. Para evitar a proliferação de pequenas grupos carnavalescos, defende a “norma” de que a Cidade da Praia não pode ter mais que cinco grupos oficiais. 
 
Carnaval mirim mais fraco 
Este ano, as escolas primárias da capital não vão desfilar. Atrasos na disponibilização de verbas e falta de tempo são alguns dos motivos apontados pelas escolas para as desistências, segundo pudemos constatar. 
No entanto, os jardins infantis Susy, Catly e os da Câmara Municipal da Praia vão sair à rua no domingo, 23, para que o “Carnaval mirim” possa fazer-se presente na avenida Cidade de Lisboa.
 
Temas diferentes, perspectivas iguais
Tal como o Vindos d’África, os outros seis grupos também estão a todo o vapor para a festa do Rei Momo na capital. As expectativas são também grandes e, tirando algumas dificuldades, todos se mostram animados para o desfile da próxima semana. 
O Maravilhas do Infinito, segundo classificado do ano passado, pretende desfilar com o enredo “Viagens ao Cinema Num Sonho Infinito” e promete “fazer história no Carnaval da Praia”. O grupo vai levar dois carros alegóricos, 10 alas e cerca de 300 foliões.
Por sua vez, o Samba Jó, do Palmarejo, que no ano passado ficou na terceira posição, vai sair à rua com o tema “África Minha e Nossa”. A perspectiva é ter o mínimo de 300 figurantes, formados por sete alas e um carro alegórico para puxar a “folia”.
Entre outros grupos oficiais a marcarem presença na Avenida Cidade de Lisboa encontramos o Bloco Afro Abel Djassi com o enredo “Herança Africana na História de Cabo Verde” e o Vindos do Mar com “Cabo Verde e seus Parceiros de Desenvolvimento”. 
Depois de um ano de “descanso”, por questões financeiras, o grupo Estrela da Marinha volta para brincar a festa do Rei Momo. Com o mínimo de 300 figurantes conta mostrar os “Tesouros do Mar”. 
Após vários anos desativado, o grupo “Deusa do Amor” ressurge para homenagear a Morna, Património Imaterial da Humanidade.
E porque o carnaval da Praia não é só competições, o grupo de animação Batucasamba faz na noite deste sábado 22, a abertura do Carnaval 2020 na Avenida Cidade de Lisboa com o enredo “Somos Reféns do Tempo”.
De realçar que um pouco por todo o país as expectativas são grandes para mais uma festa do Rei Momo que a cada ano se comemora com mais folia. No que constatou o A NAÇÃO, os concelhos sobretudo do interior da ilha de Santiago, bem como as ilhas do Maio, Fogo e Brava têm apostado cada vez mais nos desfiles. 
Pelo contrário, algumas ilhas têm decaído nos preparativos e baixam as expectativas dos seus públicos. Em contracorrente, na ilha do Sal, ao que parece, não haverá concurso entre os grupos oficiais.
RM
(Publicado no A NAÇÃO impresso, nº 651, de 20 de Fevereiro de 2020)

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